Em épocas atuais é muito normal os jovens saírem em busca de prazeres sexuais em boates, festas ou locais apropriados criando um vínculo vicioso para essas pessoas solitárias que colocam uma máscara de prazer pago no rosto enquanto fazem essas coisas. O problema é quando dá alguma coisa errada, ou por ser forçado, ou um acidente ou até mesmo por pura ignorância, nasce uma criança em tal ato.
Nove meses tortuosos sobre a vida e a morte enquanto se desenvolvia para poder caminhar com suas próprias pernas e a qualquer momento podendo ser morto pois ninguém o queria.
No dia de seu nascimento, foram discutidas muitas coisas como guarda e pensão, mas o assunto principal foi sobre a vida dele. Não tinha aonde ir para fugir ou se ficasse vivendo com apenas uma jovem mulher sem estudo ou dinheiro, que não tinha interesse nele, certamente morreria, mas sua mente infantil de criança só o permitia sorrir e chorar por suas necessidades. O pai foi desaparecido durante a gravidez da garota e portanto, nem ao menos soube do ocorrido com ele. Abandonado com os pais da garota, ele foi criado até que bem comparado aos tratamentos que a menina sem experiências em cuidados de bebês fora dado ao pequeno Konan, um nome dado pelos seus novos pais (ou avós biológicos), em causa da sobrevivência esquecida do garotinho.
Eram pessoas humildes, faziam o bom papel de pais (já que tinham uma filha e muita experiência) e cuidavam bem dele. Apesar dos bons cuidados, era um pouco reservado (talvez por causa de seus traumas) e sabia que aquelas pessoas não tinham obrigação de cuidar dele, então nunca foi de tentar ficar muito próximo deles por não querer atrapalhá-los. Viver já era algo que eles deveriam se preocupar, não precisavam de mais alguma bobagem.
Não eram ricos, e eram já duas pessoas com a idade avançada, fazendo com que a mulher que ele chamava de “mãe” nunca se preocupou em pegá-lo de volta, sendo que ele voltaria sem ressentimentos, pois era extremamente ingênuo e não sabia como odiar a pessoa que deu a luz a ele e que o suportou em nove meses de gestação. Apesar de tudo, era só uma criança sem raiva e com uma carência de mãe extrema já que soube cedo quem era (eram velhos demais para terem uma criança pequena e pelas atitudes, podia-se ver que não seria muito inteligente).
Aqueles que cuidavam dele estavam definhando mais rápido por causa de doenças proporcionadas pelo tempo quando o menino cresceu, já era mais independente e compreendia as coisas melhor, mas ainda assim não culpava sua mãe. Até que certo dia, sua “mãe” morreu num hospital próximo por causa da deficiência de sua saúde, que apesar dos esforços, ela não se estabilizava.
Triste e vivendo com seu “pai” que certamente iria logo em seguida tanto pelas doenças quanto pela falta da mulher querida, deixou o garoto muito frustrado e chorou por muito tempo até conseguir aceitar tal fato.
Desde seu nascimento nada deu certo, ele só ficava pior ao decorrer dos anos, passavam fome, perdeu suas “duas mães” e agora estava chorando, esperando que a morte levasse seu “pai” também. Não saberia para onde iria depois caso isso ocorresse, e então, acabou dormindo ali mesmo de cansaço, sozinho em seu quarto, sentado próximo a porta, com esperanças de que alguém surgisse para dar um pouco de carinho e afeto para ele ou uma notícia que poderia mudar drasticamente sua depressão. Nada. O mundo parecia fazer uma conspiração contra ele para que continuasse sentindo todo o peso de todo o horror ocorrido até agora.
Poucos meses se passaram e ele começou a ser mais forte psicologicamente em relação aos ocorridos entre a vida e a morte, sem contar os problemas de seu nascimento. Não iria passar o resto da vida tendo aqueles mesmos problemas, tomou uma atitude religiosa e seguiu sua vida indo constantemente a templos para rezar e ter o acolhimento dos deuses que acreditava poder trazer um futuro melhor. O destino era algo que nem eles poderiam mudar.
Não ultrapassava dos 10 anos de idade quando seu pai não biológico faleceu, deixando-o sozinho então, finalmente.
Segurava suas lágrimas com força, não queria mais chorar, ainda mais porque sabia que dali em diante, teria que viver com alguém da qual ele nem tinha consciência da quem era. Sem saber se seriam boas pessoas ou alguém que só iria pegá-lo porque a justiça manda que assim o façam.
Viveu num orfanato próximo ao templo enquanto “gente grande” pensava em o que fazer com ele na justiça. Ele nem ao menos pôde ser adotado, só viveria lá para ter alguma moradia enquanto era discutida sua guarda.
Konan não conseguia se acostumar agora com todas aquelas crianças que tiveram o triste destino de chegar lá, e ele não queria saber suas histórias, apenas aguardava o dia em que iria ganhar a guarda de algum familiar ou uma pessoa estranha designada sem questionamentos dele pela justiça.
Obedecia as regras normalmente e brincava pouco, aqueles que se aproximavam dele, logo eram amigos, por ser uma pessoa solitária, gostava muito de alguém que demonstrasse qualquer tipo de interesse no que ele fazia (ou até no que deixava de fazer), mesmo que não conseguisse criar laços com eles por uma certa aversão criada pelos anos passados com os humildes velhos. Tinha receio em trazer qualquer tipo de problema para eles.
Permanecia com a mentalidade de que viver era trazer problemas para os outros, portanto, era melhor apenas ficar quieto.
Numa certa noite, ele foi acordado as pressas, a justiça finalmente resolveu para onde ele iria. De volta para sua mãe. Uma mulher que já estava até casada, coisa que surpreendeu ele, pois tinha a imagem de alguém que não iria querer constituir uma família. Colocado num carro preto junto de oficiais no banco traseiro, foi direto para sua nova casa.
Na frente de sua nova moradia, estava uma mulher com um roupão azul escuro de cabelos castanhos compridos bagunçados e chinelos nos pés, com os braços cruzados, apenas esperando por um momento para pegar sua criança e voltar para dentro de casa e voltar a dormir.
Assim que chegou, os oficiais o largaram e com poucas palavras trocadas, foram embora, deixando Konan e sua mãe biológica ali na rua escura e fria. Suas roupas eram amarrotadas e tinham pequenas falhas do tecido em alguns lugares (o orfanato não recebia muitas doações, portanto, faziam o possível para ele poder ter uma vida decente entre aqueles outros portadores dos mesmos problemas de abandono) e sua mãe se arqueou para olhá-lo, vendo sua criança depois de tanto tempo. Seu coração se encheu de alegria ao estar na companhia daquela mulher.
Mesmo que já estivesse acostumado a tudo, não pôde deixar de derramar lágrimas pela mulher na sua frente, sempre sonhou no dia que reaveria sua mãe e agora, ela estava na sua frente, pronta para ser abraçada e viverem felizes pelo resto de sua vida. No momento em que abriu os braços e se aproximou dela, seus olhos se fecharam, apenas para sentir o roupão e o corpo de sua mãe entre seus braços. Mas não foi o que aconteceu. Recebeu um tapa no rosto e a mulher gritou com ele sobre suas roupas horríveis e que homens não choravam, deveriam mostrar força.
Levou a mão ao rosto e mordeu o lábio para não chorar mais após aquela agressão sem sentido vinda de alguém da qual ele demorou a retornar e esperava o mínimo de amor e familiaridade.
Levado para casa, sua mãe tinha feito uma cama provisória no sofá para ele dormir e sem mais palavras, retirou o roupão, mostrando uma camisola branca de alcinhas e subiu para o quarto no segundo andar para enfim, poder desfrutar de uma cama quentinha ao invés de uma rua gelada com um fedelho irritante e chorão.
Sentindo-se constrangido por tudo aquilo, passou a noite acordado, se mexendo para os lados naquele pequeno espaço que tinha de sua cama provisória até o dia chegar e sua mãe enfim retirá-lo da cama e mandá-lo ajudá-la em seus afazeres pela casa enquanto o homem dela iria trabalhar.
Alto e de cabelo estilo militar, grossos músculos e com um rosto totalmente inexpressivo, só deu uma rápida olhada naquele que iria, gostando ou não, conviver com ele embaixo do mesmo teto.
Foi assim por todos os dias até que um dia fatídico fez com que ele acidentalmente colocasse muito sabão na máquina de lavar roupas e isso enfureceu tanto sua mãe que o colocou num quarto escuro por cerca de doze horas sem poder sair.
Era pequeno e cheirava a mofo, tinha que permanecer de pé e não podia ir ao banheiro durante seu castigo. Parecia ter coleções de itens acumulados sem utilidade e simplesmente guardados naquele lugar, o que às vezes caia algo nele e tinha que ficar segurando ou então ficava cutucando ele até ficar um roxo na pele ou que o cortasse e fizesse sangrar. O maior problema dele era se fizesse algo na linha das duas da tarde até as seis, que era o momento em que sua mãe dormia e “esquecia” ele trancafiado no tal cômodo de horror.
Foi a primeira vez que tinha conhecido aquele canto da casa onde era simplesmente assustador ficar de pé no escuro sendo cutucado e sua mãe o advertiu que por cada vez que cometesse um erro descomunal, o mandaria para lá. Mas aquilo foram palavras vazias, pois cada vez que o garoto cometia algum problema na casa, por menor que fosse ou com problemas assim não tão colossais, era jogado dentro daquele local assombroso.
Não agüentava mais sofrer a toa, mas nada podia fazer sobre o assunto, era apenas uma criança, e então ele se acordou cedo para fugir de casa, tinha muitos receios em deixar sua mãe, mas não iria suportar para sempre ser apenas um servo que sofria por qualquer coisa. Seu medo sobre aquela parte da casa era tamanho que tinha uma aversão até de chegar perto do local. Sete da manhã, se levantou e foi arrumar suas coisas, era algo perigoso para fazer, mas se não fizesse naquele momento, teria que passar mais um dia da mesma forma de que já passara desagradavelmente naquela casa regida por uma ditadora cruel.
Tentava ser discreto na fuga, arrumou uma mochila rapidamente com algumas roupas e assim que saiu da casa, a porta bateu sem querer, ele estava muito nervoso, nem mesmo sabia o que poderia fazer ou ir. Sua mãe gritou muito para ele ir atender (sem ao menos cogitar a possibilidade de ser um ladrão ou assassino, apenas mandou o filho pequeno ao invés daquele brutamontes que tinha como marido). Mas nada, ela teve que se levantar e ir ver quem era e junto de seu marido, descobriu que o garoto não estava lá e possivelmente foragido. Ambos saíram de casa e viram o garoto correndo na rua, apenas fugindo, sabendo do barulho que fez assim que saiu.
No momento em que sentiu que o homem corria atrás dele, entrou em pânico e tropeçou em si próprio e caiu no chão, esfolando todo o corpo e foi pego de supetão e levado para dentro de casa enquanto sofria espancamento leve no meio da rua. Os vizinhos nada viram, aqueles que trabalhavam de manhã já tinham ido e aqueles que ficavam em casa certamente estavam dormindo sossegados pois o menino, por pior que fosse, não ousava chorar.
Depois de apanhar de sua mãe a ponto de ficar com vários roxos pelo corpo, e sangramentos no nariz e em cortes feito pelas unhas da mulher, e claro, não foi pensado duas vezes antes de mandá-lo direto para o quartinho dos fundos. Ele não teria que trabalhar naquele dia, apenas iria ficar lá o resto do dia e só iria ser retirado no outro dia. Feito o aviso, ele não tinha nem porque ficar nervoso, já sabia como era e reagir resultaria em nada.
Nesse momento ele enlouqueceu dentro daquele pequeno espaço e começou a espancar a porta com toda a força de seus frágeis músculos cansados e doídos para ver se, ao menos, pudesse quebrá-la e poder respirar um ar sem cheiro podre. Seus esforços foram inúteis e então ele cansado, se escorou e tentou dormir apesar dos cutucões em cada movimento pelos objetos ali dentro. Adormecendo de exaustão após longas horas incomodado.
Era quase seis da noite e ele acordou com várias coisas caídas em sua cabeça, da qual ele jogou com força para cima a fim de expulsá-las de perto dele e as jogou bem ao fundo e então começou a soquear a porta novamente. Seus pais sem agüentar mais aquela barulheira fornecida pelo garoto, resolveram simplesmente sair de casa para jantar fora e talvez arrumar um motel.
Sozinho, com a casa trancada num local escuro e assustador (da qual com toda a casa escura fazia com que ele nem ao menos visse o que o cutucava já que não tinha luzes exteriores das brechas da porta), ele começou a ouvir vozes em sua volta. Elas diziam para ele não se preocupar, que em breve estaria tudo bem. Seu coração não parou de bater forte e rapidamente por um minuto, estava muito assustado e vozes apenas repetiam dizendo para não se preocupar com aquilo e num súbito de coragem (ou seria instinto?) ele gritou perguntando quem era e então se calaram sem responder. Aquilo causou pensamentos no garoto sobre pessoas na casa ou seres estranhos (alienígenas, por exemplo) que poderiam fazer alguma coisa com ele.
Pensou que estava louco e então as vozes voltaram a falar, mas dessa vez, começavam a dizer coisas meigas e que confortassem o garoto, mas no fim diziam coisas horríveis relacionado diretamente a morte, preenchendo seu coração amedrontado de mais dor, fazendo-o chorar.
Precisava sair daquele lugar e então começou a bater com maior força na porta, fazendo com que todas as coisas que estavam muito próximas a ele que não foram jogadas para o lado enquanto ele dormia caíram em cima dele e dentre elas, um grande baú que com o movimento de todos aqueles utensílios, acabou por desabar com força na cabeça do menino.
Sangrou fortemente enquanto ele começava a perder os sentidos e rezasse silenciosamente em busca de que os deuses o ajudassem a não morrer naquele momento de puro desespero e possivelmente, de morte, como diziam as vozes fantasmagóricas que o atormentavam durante o castigo.
Muito sangue escorreu de sua cabeça enquanto ele gritava de dor e aquelas coisas pesavam fazendo ele ficar numa posição extremamente incômoda dentro daquele quarto.
Estava finalmente parando de sentir dores e seu corpo estava ficando pesado e sem se importar, simplesmente caiu sobre toda aquela tralha que o soterraram. Finalmente desmaiou.
Era de manhã quando retornaram a casa e viram no piso, muito sangue e retiraram as pressas o menino de lá e o levaram ao hospital público mais próximo, a fim de ver o que tinha ocorrido e também, no caminho, inventaram uma desculpa plausível sobre o ocorrido.
Após muito tempo de exames e depois, meses internado, foi visto que continha um tumor no cérebro que afetava diretamente na memória e gravou diretamente na personalidade do garoto, que o deixou meio louco.
Começou a falar sozinho, fazer gestos desconhecidos, dizer coisas sem sentido e então foi taxado de louco e já o descartaram em um hospício. Permaneceriam recebendo o dinheiro do governo e não precisariam cuidar mais do menino. Foi um acontecimento perfeito para o casal.
Mudando completamente de personalidade, parecia mais agressivo e com as pessoas a ponto de um segurança grande o segurar e o levar algemado para dentro do local onde ficam os loucos.
Não tinha idade para receber uma injeção com calmantes para ele que funcionasse nas regiões do cérebro sem danificá-lo mais ainda do que já estava, talvez pudesse agravar e ele perder toda a memória e virar um vegetal em cima da cama pelo resto de seus dias (que seriam bem longos enquanto a mãe permanecesse recebendo dinheiro extra).
Dentro do local onde deveria ficar, sentiu como se o mundo estivesse em paz, pois podia conversar com uma segunda voz que aparecia em sua cabeça, dando palpites sobre o que fazer. Eram coisas que pareciam idiotas, brutais ou perigosas, então ele apenas ria da falta de calma da voz interior.
Já tinha alcançado os 11 anos quando um médico adentrou em seu quarto e o drogou pela primeira vez. Dosagem errada ou o conteúdo não podia adentrar em seu corpo jovial, não importava, ele teve uma parada cardíaca e ali morreu sem poder fazer muita coisa.
Assim que acordou, viu que não estava mais naquele quarto, o hospício onde se encontrava fora totalmente destruído por alguma coisa e ele continha uma pequena corrente no peito. Puxou com força para tentar tirá-la, pensando que fosse algum pedaço que caiu ali, mas sem sucesso ele desistiu e pensou que aquilo não iria lhe fazer mal já que não doía nem nada.
Perguntou meio desamparado sobre seu amigo, até que teve a resposta diretamente em seu cérebro, a voz dele retornou e tiveram muita conversa para ver se descobriam “sozinhos” como retirar a corrente do corpo.
Andando pelo hospício destruído, não encontrou outros pacientes, médicos ou seguranças, apenas se viu entre a destruição, dois monstros mascarados, o que formulou um medo enorme nele, mas não correu, preferiu ficar e encará-los, mesmo que lágrimas escorressem por sua pele.
Aquelas bestas paradas em sua frente lembravam muito um coiote e um elefante levemente deformados com uma máscara branca com dentes retos, diferente dos redondos para herbívoros e pontudos para carnívoros. O que aquelas coisas comiam? Talvez ele soubesse a resposta já que não encontrou ninguém. Mas ai ambos teriam que ser carnívoros e os dentes não demonstravam isso.
Aqueles monstros discutiam entre si e preferiram não comê-lo, algo sugerido pelo coiote, enquanto o elefante parecia faminto e não pensava duas vezes antes de pular na frente do garoto que fechava os olhos, apenas esperando sua “vida” se acabar. Mas o coiote intrometeu o ataque e disse para não comê-lo, era melhor ele se transformar num Hollow primeiro.
Hollow, que palavra estranha, Konan não tinha nenhum conhecimento de já ter ouvido falar daquilo ou o que era aquilo, talvez o nome da raça deles (apesar de ambos serem diferentes) e após uma pergunta rápida, ambos pararam de brigar o visaram com certo desprezo, mesmo que seus rostos não demonstrassem isso (e nem podiam), ele podia sentir e foi respondido que “sim”.
Certo dia, um “rinoceronte” e uma “iguana”, muito semelhantes aos que viviam com ele apareceram e resolveram atacar a todos os três. Tendo que atacar diretamente os dois agressores, o elefante e o chacal lutaram como se fosse em sincronia, defendendo ou esquivando e deixando o “companheiro” atacar e caso entendessem a estratégia, eles mesmo atacavam, criando uma confusão nos dois oponentes.
Sem saber o porquê de aqueles dois o protegerem de outros semelhantes mascarados (pois os outros pareciam com animais diferentes, desde marinhos até voadores em terra firme) deles enquanto o viam sofrer naquela corrente que de tempos em tempos começava a se comer, da ponta em direção ao peito. Nada o faziam, apenas assistiam a dor do pequeno.
Até que numa noite aquilo que pendia no peito dele se desfez, formando uma dor maior que um baú na cabeça que ele já tinha passado, uma dor inimaginável, sem conhecimento dos humanos e poucos puderam ouvir o seu grito que não podia pedir ajuda de tamanha dor que ele sentia enquanto seu corpo se alongava e seus ossos saiam da pele formando ameaçadores espinhos.
Em seu rosto, a dor foi desfeita por uma máscara branca que fazia o rosto dele abrir um sorriso involuntário com marcas azuis que cobriam todo seu corpo. Ele virou um daqueles monstros, só que mais semelhante a um dragão de Komodo e sendo assim o mais diferente dos três.
Ambos seus protetores estavam agora olhando para ele com certa desconfiança, esperavam que aquele ser os atacasse, mas não foi o que Konan fez, ele sentiu que o cheiro dos dois era saboroso, mas estava mais preocupado com seu próprio rosto do que com comida. Ambos riram e explicaram para ele tudo que sabiam. Gillians, Shinigamis, Kidous e canibalismo eram os pontos principais, tudo girava em torno do universo dessas quatro palavras. Mas o que o surpreendeu foi que eles sentiram um forte reiatsu vindo dele e portanto o admitiram no grupo deles, e ensinaram a estratégia. Ache um portador de uma boa quantidade de energia espiritual (é sentida quando a região é mais pesada do que outras, indicando que partículas favoreçam esse local e seja encontrado o portador dela) e o proteja de outros Hollows, se alimentando deles e aumentando seu bando. Caso o protegido atacasse, coma-o também e nem precisaria se preocupar, já que tinha a ajuda dos dois ali.
De início o espantou muito, mas conseguiu conviver com aquilo sem maiores problemas porque ele realmente dependia de comer outros como ele para poder ficar mais forte e sobreviver naquele mundo onde o mais forte vence o mais fraco. Caso não comesse, ficaria fraco e uma dor no buraco onde estava a corrente não cessaria e a dor causada por ela é semelhante a quando a corrente se comia.
Apesar de sempre andar em grupo, um forte sentimento de carência batia nele e aquele sentimento se desfazia no momento em que mordia algo e engolia, mas assim que terminava, voltava, fazendo com que ele pensasse inúmeras vezes em atacar seus companheiros. Nunca foi bom em combate, por isso desistia, era sempre aquele que ficava por traz liberando pequenas rajadas de reiatsu e batia sem pensar caso alguém chegasse perto dele.
Encontraram um novo humano que estava prestes a morrer e assim como aquele elefante - que agora sabia seu nome, era Frey’gir e seu poder era de fazer a o poder espiritual sumir, fazendo com que shinigamis não os achassem - não conseguia se controlar e tentava acalmar seus sentidos devorando aquele humano ali mesmo sem pensar nos outros Hollows que ele comeria apenas esperasse sua refeição crescer e evoluir. Mas não o atacou.
O chacal – denominado Surgsin, que conseguia manter os instintos parados no corpo físico para depois liberá-los em dobro, sendo o que mais comia durante as caçadas – eventualmente o parava, sem nunca machucá-lo.
Muitas criaturas vieram procurar por aquele garoto que tinha uma corrente um pouco menor do que a de Konan naquela época, mas permanecia quieto, não queria falar que ele sentiria uma dor enorme até se transformar num deles, não tinha sentido assustá-lo a toa já que tinha que conviver com três monstros ameaçadores e que eventualmente atraia outros.
Meses se passaram até que o garoto enfim quebrou totalmente a corrente e cresceu um buraco em seu peito, mostrando a falta de coração, sentimentos e sensações de afeto entre ele e os outros. Relembrando a dor que sentiu e se sentindo um pouco culpado por não poder ajudar.
Aquele animal, que parecia uma enguia se erguia diante deles, urrando logo em seguida, mostrando a localização deles e fazendo com que outro Hollow aparecesse correndo. Esperavam ser atacado pela enguia, e não pelos dois juntos, sendo que o que recém apareceu correndo usou o elemento surpresa para causar um dano profundo no elefante. Não estavam preparados para aquilo, mas foi um ataque que simplesmente acabou com todas as criaturas dali. Exceto Konan que pediu para ele parar e se tornarem um novo grupo. Não tinha interesse em mostrá-lo as leis do antigo, pois parecia que ele tinha uma força que era, talvez, superior daquele grupo inteiro junto. Após muita lábia, ele aceitou e até criou um nome para o grupo e começando o seu sobrenome como “Futagono Kyoudai”.
O nome do grupo foi em semelhança dos corpos dos dois, já que as poucas diferenças vinham em pequenas deformidades da máscara, a falta de espinhos de um, asas de seu novo companheiro “Chiisai” e ao invés de quatro tentáculos junto dos braços, tinha mais um par de braços e sua cor era avermelhada.
Chiisai se mostrou muito forte, dando certo orgulho em Konan por ter um companheiro forte e não ter que depender de dois e se machucando cada vez menos em combates enfrentados, já que o companheiro procurava sempre atacar e terminar de uma vez com aquilo e poder se alimentar.
Num dia de caça dos dois, conheceram um ser mascarado - com corpo mais humanóide, mas ainda assim com fortes traços selvagem - que podia ensiná-los a abrir a Garganta, um caminho para que eles pudessem ir para sua “terra natal”, o Hueco Mundo. Frey’gir e Surgsin nunca tinham lhe falado sobre isso e então ele aceitou como um bobo a ser mandado para lá, mas sua sorte foi que a criatura não estava mentindo, realmente foi enviado para outro local, que parecia muito com um grande deserto na escuridão isolada da noite iluminada somente por uma única lua no céu que brilhava fortemente a ponto de todos poderem enxergar.
Nunca mais viram aquele outro Hollow, mas o importante é que agora ele podia comer outros da mesma raça no seu próprio local, sem medo de shinigamis e assim ele começou a caçar com seu companheiro.
Viram de longe uma grande fortaleza e então resolveram ver o que era aquele lugar e foram detidos por um Hollow enorme feito de areia que os mandou para o subsolo daquele deserto em apenas um ataque que lembrava muito as armadilhas de formigas para pegar pequenos insetos.
Um combate curto e foi pego sem reação alguma e por mais que se debatesse, já pensando na morte que o esperava, não conseguia se soltar e assim foi para baixo de toda aquela areia, que parecia ser segurada por uma grande extensão de árvores que aparentavam ser de pedra fossilizada de tanto tempo e falta de água que estavam ali. E o mais incrível que foi ali onde ele encontrou uma horda de Hollows onde ele poderia comer até satisfazer todas suas dores humanas sem pensar em estratégias e fugas caso alguma coisa desse errado.
Era reconfortante ver que permanecia vivo, mas sua felicidade foi desfeita no momento em que notou a ausência da outra criatura que o seguia nas buscas por presas maiores. Chiisai tinha desaparecido. Possivelmente jogado em outro lugar e com certo medo, resolveu procurá-lo.
A dificuldade foi tamanha, tendo de correr de outros monstros e perder o caminho ou enfrentar sem suporte, foi o que deixou meio cansado e sem já esperanças de sobrevivência. Mas sua voz interior disse para que ele não desistisse, ainda poderia encontrar um novo parceiro. Um debate começou e duraram horas já que poderia encontrar alguém mais forte ou poderia morrer na boca desse ser, e tentar seria muito arriscado para alguém que tanto procurou e nada achou.
Resolveu sair em uma busca que duraram meses em busca de seu companheiro que foi logo esquecido no primeiro mês de falta dele, alguma ajuda foi necessária para seguir andando inutilmente a procura de alguma coisa que sabia que faltava nele. Ao saber da morte horrível ao ser mastigado vivo e sem ajuda de Chiisai, seria algo impossível para ele que continha uma força tão pequena.
No meio dessa busca, encontrou um Adjuncha lobo que se mostrou interessado na história dele e após ouvir o pedido de ajuda do Hollow lagarto que abriu uma Garganta e o mandou para a Soul Society apenas de sacanagem aos pedidos de medo e dependência da criatura.
Lá, não sabia bem o que fazer até que ouviu um grito e viu uma mulher correndo. Alguns homens conhecidos como os tão falados shinigamis com espadas corriam na direção dele, o que parecia ser um convite para brigar e não podia ser recusado, pois não ao menos sabia onde estava e possivelmente não teria um Hollow lá. O cenário também era completamente diferente. Era dia e fazia seus olhos arderem enquanto uma voz berrava em sua cabeça para ele correr, mas não deu ouvido, apenas ficou observando o céu claro até que viu um homem pulando na sua frente e colocando a ponta da lâmina de sua arma no rosto dele. E o escuro se formou em sua volta.
Como se renascesse, partículas espirituais se juntaram e formaram um novo corpo para ele em outro canto daquela mesma cidade. Incrivelmente, ele não se lembrava de nada do ocorrido e sentia que algo faltava nele e por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar, até que, depois de anos, chorou.
Sozinho no meio de uma paisagem deserta, uma voz pode ser ouvida, era seu companheiro que o perseguia onde quer que fosse e o acalmava da melhor maneira que podia.
Resolveu então a seguir em frente e ver onde parava. Andou por horas até que encontrou uma boa casa no meio de um lago. Tinha um caminho que levava para lá e sem pensar duas vezes, se atirou (como já estava pelado por não conter uma roupa da vida anterior) na água gélida que o acalmou por uns momentos até um homem idoso sai da casa e briga com ele.
Era sua voz começou a falar junto dele, dizendo que ele parecia o mesmo de quando era vivo, será que teve uma segunda chance de poder viver? Só que agora de uma forma melhor? Por um momento o velho foi esquecido.
Assim que viu que estava com seu corpo normal, olhou para o senhor e perguntou se estava realmente vivo e após parar de brigar, vendo que foi totalmente ignorado, respondeu para ele que a vida é algo muito subjetivo de se explicar com um apenas “sim” já que ambos eram espíritos, mas faziam o que os humanos faziam quando estavam, enfim, vivos.
Sem entender o que o homem queria dizer, apenas fez uma cara feia e perguntou por que estava sem roupa e o homem resolveu acolhê-lo e dar enfim, umas roupas para ele. Adotou apenas pelo fato de que parecia novo por aquele local e era só uma crianças pequena apesar de tudo.
Não tinha muito o que ensinar e deu para ele todo seu conhecimento sobre tudo que já tinha passado para poder formular uma resposta sobre o que era a vida. Parecia um sábio, já tinha vivido por mais de milênios e viu o mundo se formar lentamente enquanto ele apenas observava os humanos fazendo suas experiências e como ele não precisava comer, apenas prosseguiu os estudos recebendo toda a informação que precisava do setor de pesquisas da décima segunda divisão de shinigamis dentro da Seireitei, onde viviam.
Se perguntando como ele conseguia as informações daqueles homens que ele julgava serem malignos por tantos Hollows os temerem e então este o respondeu que cedia um pouco de seu conhecimento e experiência para o capitão do local.
Não entendia o que era o tal capitão já que a extensão de água mais comprida que viu foi aquele pacífico lago na volta de sua nova moradia. No meio de curtos risos, ele responde que capitão não eram apenas marinheiros como vistos na televisão, eram também homens de alta patente, que naquele caso, um shinigami muito poderoso que comandava outros shinigamis em prol a paz de Rukongai, onde agora vivia.
Após longos anos vivendo com aquele sábio ancião, aprendeu qual era o sentido da vida e o homem aprendeu e explicou que o que o garoto sofria era de dupla personalidade, e não deveria ter vergonha dela se alguém acidentalmente descobrisse sobre o seu segredo e problemas de memória.
Ele não aparentava envelhecer apesar dos anos passados e, portanto, o homem disse para ele tentar a academia onde ficam os shinigamis, ele poderia ter um pouco de poder espiritual que permitisse que Konan adentrasse nos portões e fosse treinado para também defender pessoas como aquele senhor.
Não conseguia se segurar precisava contar para alguém sobre o sentido da vida, como foi criado e tudo, ele tinha toda a informação do universo em sua mente e só precisava ir para uma academia para poder contar para todos sem medo, já que foi advertido de não contar a outros que poderia assustá-lo ou taxá-lo de louco, o que trouxe más lembranças de sua primeira vida.
Assim que chegou em tal local após uma longa caminhada apontada a direção apenas com um gesto do senhor, caminhou por dias, dormindo em árvores e bebendo água retirada do laguinho que ficava dentro de um cantil, pode ver que a academia era enorme e tinham poucas pessoas se inscrevendo. Na verdade, ele só via uma mulher sentada e logo foi falar com ela mas por um momento, ele parou e olhou para o cabelo dela e pensou, como seria o cabelo dele se fosse mais liso e cuidado e assim esqueceu completamente o que iria fazer.
Matutou por uns momentos até que ela perguntou se ele queria se inscrever, e negando, retornou em uma longa caminhada até de volta sua casa onde o velho senhor se assustou e pensou que aconteceu alguma coisa, mas ele apenas se esqueceu do que deveria fazer. A frustração pelo problema do menino foi algo que o chocou por um breve momento, mas que logo foi desfeito no momento em que o homem o convidou para passar uns dias em casa e depois os dois iriam juntos em direção a academia shinigami para ele poder fazer o que deveria.
Não demorou muito até que no terceiro dia, ambos saíram em busca do local para que ele pudesse, enfim, cursar o tal local e quando pudesse, transmitir a mensagem ao homem que se comunicava com o velho. Aquilo nem ao menos lembrou algo, e ele se perguntava o que deveria ser comunicado, até que o velho senhor, meio assustado pergunta se ele não lembrava sobre o sentido da vida, do universo e tudo mais e ele se foi inevitável perguntar por que ele estava falando sobre isso. Séculos (ou milênios) de pesquisas e anos de ensinamentos jogados fora por aquele pequeno jovem que não recordava de tudo e seria muito difícil explicar de novo e com tantos aparelhos perdidos que agora não podiam mais ser recebidos (o capitão do setor de tecnologia não ia ficar dando equipamentos para pessoas de Rukongai assim tão facilmente, ainda mais duas vezes).
Em meio a lágrimas, ele senta e tenta relembrar o pequeno, que sente um certo remorso por ter feito o homem acreditar em algo que não pode acontecer pela cabeça fraca dele e sua voz interior dizia para ele seguir sem o velho, não tinha mais motivos para permanecer com ele e continuar trazendo problemas. Aquilo foi o suficiente para acabar com a vida de alguém.
Andou agora em direção a academia novamente, deixando o homem lá, sozinho. Saberia como sobreviver e não precisava se preocupar com ele, já tinha passado por anos e anos de vida.
Precisava se graduar para poder mostrar que podia falar com os homens lá de dentro e quando lembrasse, poder falar o que era preciso a todos e favorecer as pesquisas do homem da décima segunda divisão. Tudo parecia algo simples de se fazer, mas não foi. A academia shinigami era realmente difícil e para adentrá-la foi preciso algum treinamento desenvolvido no meio das pessoas do local já que não continha em seu corpo poder espiritual.
Pediu ajuda aos homens lá dentro e vendo que o pequeno apenas queria seguir seu sonho, permitiram e o treinaram muito, mas apenas desenvolveu o físico nas situações de perigo, pois não tinha muita capacidade de ver o perigo, sabendo que logo esqueceria e então foi realmente difícil ele criar um pouco que fosse de poder espiritual.
Semanas se passaram, já estava quase fechando o mês quando ele conseguiu fazer uma folha de papel descer e assim o aceitaram e como já conheciam as capacidades físicas dele, o colocaram já em um nível mais avançado dos demais, só precisaria aprender a controlar sua reiatsu e melhorar ainda mais seus dotes físicos.
As notas de lutas eram sempre as melhores, de kidous eram as piores pelo fato de não saber disparar um Byakurai que fosse, diferente de todos os outros colegas que sabiam desse fraco Hadou de perfuração. Mas o que permitiu que se graduasse foi os testes escritos e provas de inteligência (conseguia gravar algumas coisas após tirar o dia todo estudando e fazer sua memória não desfazer facilmente).
Já recebido o uniforme usado por todos por lá, ele agora partia em busca do auto descobrimento e depois falar para o capitão de décima segunda divisão sobre os dados recolhidos. Precisava fazer algo para relembrar do que era preciso relatar primeiro, mas faria isso em partes, não tinha por que se afobar e ir direto ao homem sem ao menos saber do que se tratava.
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