segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Reikokuna I. Guillotin, a Face da Dor
Assim como muitas famílias da época, ele tinha um vasto aglomerado de irmãos, chegando ao total de vinte e ele era o décimo quarto daquela linhagem de filhos de carrasco.
O pai de todos tinha um emprego estressante e muitas vezes passava o semanas fora de casa por causa de seu emprego e quando aparecia, era só para gerar um novo filho e descontar todo o tempo da qual ficou tenso naqueles locais de dor a propagando cada vez mais. Era um homem severo por causa de seu emprego, portanto, era intimidador e muito conhecido na cidade.
A mãe, por sua vez, era uma mulher carinhosa, que entendia completamente os problemas que o marido passava e justamente por esse motivo sempre foi tão submissa a ele e cuidava das crianças como se fossem apenas uma. Nunca deu preferência para uma em especial e fazia possível para educá-las como fossem, porém, por causa da quantidade de filhos, ela estava muito debilitada e passava maior parte de seu tempo em cima de uma cama repousando.
Era uma criança com problemas também. Nasceu cego, só havia o escuro em seu mundo e os sons o incomodavam, portanto, era o que mais passava seu tempo em casa com a mãe ajudando-a a cuidar dos irmãos. Quando algum mais novo se machucava ou chorava, ele se desesperava, pois não conseguia ver e acabava por entrar em pânico também, levando-o a deixar o seu familiar aos berros enquanto a mãe lentamente se movia para retirar o empecilho imposto pelo filho mais inútil.
Quando o pai estava em casa, aquele homem robusto não conseguia dar atenção para os filhos, pois já tinha que agüentar o som dos condenados e ter que ouvir mais os gritos das crianças era algo que ele não admitia, portanto, foram ensinados a quando o pai estiver em casa, todos ficarem parados como estátuas e deixar o homem fazer o que quisesse. A única vez que ele deixou um filho chorar, foi quando ele surrou a pontapés Ignace e o deixou ali chorando enquanto aproveitava do problema do filho para poder ter um pouco de prazer sexual, traumatizando o pequeno e o deixando mais calado a partir daquele dia.
Viviam assim, com algumas regras entre si (para um convívio melhor) e com um pai ausente totalmente sem paciência, mas o garoto aprendeu a ser mais forte e agüentar os problemas dele sem interferir nos dos outros e procriar maiores a partir disso. Mas era um estilo de vida da qual ele não agüentava. Não enxergar e ter que ficar parado em um canto qualquer da casa quando ouvia os fortes passos do pai que deixava seu coração temeroso era os piores momentos do mês da qual ele passava.
Em um certo dia, enquanto a mãe tentava fazer ele se acalmar e dois irmãos dormirem, ela contou a história de como conheceu o pai deles. Era um homem alto e forte, muito religioso que gostava de comprar algumas coisa da cidade para ajudar a população da cidade onde vivia e talvez assim, a igreja ganhar mais fiéis (que não fosse na base da força). Mas um dia, ele foi convocado para um combate e lá, ele foi como um herói, matando os inimigos sem ao menos pensar duas vezes e tinha tal conhecimento no corpo humano que ajudou seus companheiros feridos. Era o combatente e médico ao mesmo tempo e isso chamou atenção de muitos, mas quem teve preferência foi a igreja que logo o nomeou como o carrasco da cidade, fazendo ele ganhar certos bens a mais e isso o felicitou. Estava tão feliz que foi comprar muitas coisas na cidade para fazer uma festa de celebração com os companheiros e numa loja, ele conheceu uma mulher linda.
Interrompeu a história pois dois de seus filhos já dormiam e Ignace estava muito calado, de tal forma que ela não conseguia dizer se estava dormindo também (não queria atrapalhar o sono dele, portanto, nada falou) ou apenas prestando atenção na voz dela. Alguns segundos se passaram até o garoto, meio desesperado começasse a perguntar por sua mãe que aparentemente “sumiu” e ela o abraçou para que o reconfortasse e assim, meio sem jeito pediu para que ele a levasse em direção a sala, onde ela contaria o resto da história. E assim fez o pequeno que ajudava no sustento da mãe e ela o guiava.
Já na sala, ela senta-se com Ignace no sofá enquanto os outros irmãos brincavam lá fora e outros cuidavam dos mais novos, deixando-os completamente a vontade e sozinhos para que ela terminasse de contar a história de sua vida com aquele homem.
Pigarreou um pouco e tossiu violentamente logo em seguida de tal forma que o garoto se assustou novamente, mas ela o reconfortou mais uma vez acariciando os cabelos dele e então voltou a falar.
A tal mulher linda, como o pequeno já tinha idéia, era sua mãe - e ele esboçou um sorriso ao ouvir ela se elogiando – e seu pai tinha ido muito em tempos de estratégia para pegar suprimentos naquele local, mas nunca tinha a visto. Logo ele comprou todas as coisas que necessitava e agradeceu gentilmente a tal mulher e depois, observando-a após uns momentos, a deixou. Dizia ela que pensou muito nele, pois nunca nenhum homem a tinha tratado daquela forma e ele era muito bonito, mas ela se sentia meio ridícula pelo fato de ter ficado tão feliz por todas as compras do homem que em breve se tornaria o marido dela. O pai dela a aconselhou a falar para ele sobre casamento e ela sem jeito não sabia como o fazer, já que ainda nem completara os vinte anos e não tiveram muitos contatos.
Parecia feliz em contar e assim prosseguiu, deixando o garoto um pouco maravilhado. O novo carrasco da cidade começou a freqüentar muito aquele estabelecimento até uma noite em que a mulher resolve abrir seu coração para ele onde a aceitou com muita felicidade.
Os pensamentos dela vagavam nos momentos de sexo entre os dois após a declaração, mas não podia contar isso ao filho, portanto, amenizou pulando diretamente para o casamento.
Seguia falando ela, que no dia do casamento, ocorreu uma forte chuva que deixou o local com um ar gélido, apesar de todas as pessoas perante a igreja e lá, eles comemoraram e logo foram para casa. Mas tão rápido como foi o casamento, rápido foi para que aquele carrasco começasse a se tornar mais frio e aparecer menos em casa – acreditava ela que ele não tinha amantes, mas era impossível passar tanto tempo com a tensão recebida pelo dia-a-dia apesar de já ter se acostumado com aquilo tudo – onde ele começaria, assim, a se tornar mais calado.
Ignace sabia que sua mãe estava amenizando para o lado do pai, pois ele era um homem completamente frio e agressivo que não dava o mínimo de atenção para os filhos. Mas não teve muito tempo para pensar e refletir sobre aquilo, pois sua mãe o abraçou e encostou os lábios na testa dele, deixando-o meio confuso até que sentiu um pingo quente passar sobre seu rosto. Ela estava relembrando tudo e vendo como era apaixonada pelo carrasco. Sem saber o que fazer, apenas retribuiu o abraço para “encorajar” sua mãe.
Outro acontecimento memorável na vida do pequeno foi quando ele estava cuidando de uma irmã e a pequena acabou por sair de casa sem que ele percebesse enquanto ele cuidava dela, deixando-o assim completamente perdido e foi atrás da irmã.
Ela era uma garota travessa, que corria na ponta dos pés, colocando todo o peso de seu corpo no tronco e dando passos leves e depois trocando o peso para o outro pé, fazendo assim o garoto não a ouvir, mas de vez em quando ela soltava umas risadinhas para que ele a localizasse e pudesse enfim a pegar. Mas não conseguia, ela dava um pulo rápido para trás, ou apenas colocava o braço para o lado para que ele sentisse a movimentação do vento e tentasse pegá-la, sendo que ela tinha contornado ele na verdade.
“Brincaram” assim até os limites de cidade e a garota, curiosa que era, resolveu adentrar no mato com o irmão, que se batia quase que o tempo todo em alguma árvore ou tropeçava em raízes.
Isso se prosseguiu por um bom tempo até que a noite caiu e eles estavam, ambos perdidos. Não tinham como perguntar para as pessoas na redondeza, pois essas não os conheciam como filho do carrasco, pois o cego sempre estava em casa e a garota normalmente estava de castigo por causa de ser comportamento desobediente.
Estavam caminhando aleatoriamente em busca de algum abrigo ou um conhecido. Já no vilarejo central, onde eles moravam, o carrasco e a mãe foram informados. Nessa época, a mãe deles não podia sair da cama pelo seu corpo que definhava por dentro a cada aparecimento do homem na casa. O pai, irado, reuniu grupos enormes de busca entre os fiéis e os próprios homens da igreja e foram atrás das crianças, já temendo o pior (por causa do cargo do pai, alguém poderia querer se vingar matando os filhos). Não foi um gesto de carinho, mas sim, de egoísmo, ele não suportava a desordem, portanto, teriam um castigo extremamente severo quando retornassem.
No mato onde se localizavam os irmãos, a garota segurava na mão do cego para que se sentisse mais protegida enquanto na cabeça dele, pensava que era para guiá-lo no ambiente onde nunca esteve e não tinha o mínimo de familiaridade (no local onde morava existia poucas árvores e passava maior parte de seu tempo em casa).
Acabaram por achar uma cachoeira, que fazia um barulho tão abominável nos ouvidos de Ignace que ele começou a gritar, fazendo sua irmã colocar a mão na boca dele para que se calasse, mas isso só o assustou mais, pois se sentia agora sufocado e mordeu com força a mão da garota que no ato de retirar, o dente do garoto dilacerou a pele dela e abriu um corte não profundo que sangrou muito e deixou um gosto estranho na boca dele que logo cuspia e tentava correr.
Não sabia como acalmar o menino em pânico e acabou por se sentir assustada também, apesar de aparentar uma postura extremamente mais madura até o momento pois adentrou na floresta sem medo e estavam sozinhos, mas possivelmente isso nem passou pela cabeça dela.
O menino correu muito no meio da floresta enquanto sua irmã afundou a mão na água em busca daquele sangue parar que jorrar pela ferida causada pelos dentes do irmão sem ao menos se preocupar com onde ele estava.
Se batia, escorregava, tropeçava, mas o pânico não saia de seu coração e a adrenalina corria em seu sangue, que não o deixava parar e sempre seguia em frente em busca de ajuda.
As folhas que tocavam em seu corpo pareciam dedos, mas era impossível ter qualquer tipo de pessoa por aquele local, o que o apavorou mais. Quando caia, se sentia abatido, sem como conseguir, e muitas vezes se arrastou até retomar a “movimentação” das pernas. Quando se batia, se cortava e alguns de seus dentes foram perdidos durante sua caçada em busca da salvação.
Em um momento, parecia que não estava mais na mata, pois corria normalmente em terra firma, sem tropeçar ou se bater. Começou a se acalmar até que uma criatura se agarrou nele e o jogou para longe. Um lobo. Talvez um que tenha perdido a batalha para ser o macho Alpha e acabou por andar sozinho e precisava se alimentar e uma presa cega e cansada seria fácil demais e o risco dele se machucar novamente seria quase que nulo, visto que o garoto nem ao menos tinha com o que se defender.
Chorava alto e tentava correr, mas o animal o mordeu no ombro e o jogou no chão enquanto permanecia abocanhando e rasgando sua pele com suas garras para que o menino enfim parasse de se mover e poder saborear um pouco de carne. Mas o que aconteceu foi como um milagre dos infernos. Um corpo maior ainda, que pisoteou seu corpo quase sem vida pulou sobre o lobo e pode-se ouvir uivos de dor enquanto um som pesado de madeira era ouvido pelo menino deitado na poça de seu próprio sangue.
Foi pego pela perna e ajeitado num grande ombro como se fosse um pedaço de porco recém abatido e levado para o vilarejo, onde desmaiou no meio do caminho pelo balanço do andar de seu pai e do que recém tinha sofrido.
No vilarejo já, ele colocou o garoto entre seus grandes braços e o levou como se estivesse sendo carregado com carinho desde que foi achado. Os médicos da região fizeram o que era possível para reanimar o garoto até que foi dado como morto. Mas não era isso que seu pensava. Não tinha conhecimento de medicina, mas os anos que passou em seu trabalho, fez com que reconhecesse quando uma pessoa estava realmente morta e então, ele pegou uma faca e começou a cutucar o rosto do menino na frente de todos.
Muitos pensavam que ele enlouqueceu por ter sua criança morta, mas ele estava fazendo o que os médicos não fizeram, estava conferindo se realmente estava morto usando os reflexos do corpo. Isso era algo fundamental, mas aqueles homens com conhecimento em sua área sabiam que um corpo naquele estado não tinha como resistir a mais muito tempo caso realmente ainda permanecesse vivo.
Algo inesperado aconteceu, movimentou a bochecha e soltou um som oco de ar sendo expelido pela boca e assim o homem foi dado como herói novamente, guardando sua faca em sua grande bainha, decorada em couro e jóias, no bolso e levando o pequeno para sua casa.
Assim que acordou, estava todo enfaixado e com um dos braços amarrados fortemente a um pedaço de pau e qualquer mínimo movimento doía. Sua mãe estava sentada ao lado dele, fazendo o esforço de não ficar na cama e provavelmente sentindo muita dor. Ela cedeu o espaço que ela tinha para repousar para o garoto e ficou ali para cuidar dele que logo começou a chorar de arrependimento por ser quem era.
Aterrorizada, a mulher chora também e abafa o que ele pronunciava para dizer que a irmã dele morreu. Aquilo foi um choque e após longos minutos de choro da mulher, ela falou que aparentemente uma alcatéia de lobos passava naquela noite e achou a menina, que foi feita em pedaços e quando o grupo que os procuravam chegou, os animais estavam abrindo-a e só se pode ouvir seus gritos agonizantes que diminuíam gradativamente.
Não falou, nem fez muita coisa além de comer e sentar por longos seis anos, quando sua mãe finalmente morre dos problemas que tinha internamente e forçando aquele garoto cego e deformado a chorar e pedir desculpas por uma tarde inteira até cair por exaustão de seu corpo jovial.
A vida após esse incidente virou um caos completo. Os filhos se separaram, indo para casas diferentes já que o pai que permanecia vivo não tinha como dar atenção a eles direito e poucas eram as famílias que puderam aceitar uma criança que fosse para não abandoná-las.
Sem saber o que fazer ou para onde ir, buscou o auxilio da igreja para que cuidassem dele, já tinha quase vinte anos e era um homem que podia aprender a trabalhar em algo e viver sozinho nas condições em que se encontrava era impossível e mesmo assim, foi negado seu pedido para viver a base de trabalho.
Assim que saia, seu pai apareceu e o convida para ir ao subsolo da igreja, pois se o que ele queria era uma ocupação, ele tinha uma para Ignace. Não teria nunca mais que se preocupar com viver na base dos outros e agora, teria alguém para conviver com ele naquele local fedorento.
Logo que um barulho de porta rangente foi ouvido e pingos gotejantes que batiam em algo metálico foram ouvidos, ele engoliu todo o seu medo e resolveu seguir o homem que diz ter achado uma saída para ele. A tortura humana.
Um homem gritava e aparentemente, estava deitado em alguma coisa de madeira. Ele pedia ajuda e o nada pode ser feito para ajudá-lo. Seu pai pegou uma ferramenta de metal grosso com alguns pedaços em madeira que se fechavam facilmente e tinham um peso enorme. Era um Esmaga-Polegar e aquele instrumento parecia enferrujado pois causava uma sensação ruim no toque e seu pai fez questão de desamarrar as mãos do condenado e ajudasse o filho a colocar na mão da pessoa. O movimento era fácil, apenas empurrar uma pequena alavanca e usar um pouco de força se necessário até que a pessoa liberou um grito agudo de dor e um líquido quente foi sentido passando nos dedos daquele aprendiz de carrasco enquanto podia-se ouvir o som semelhante ao que se faz quando se quebra um galho seco.
Ficou eufórico e não sabia como fazer aquele homem parar de gritar e então largou o objeto que o fez pesar e bater com força o cotovelo do homem até quase quebrar na ponta da mesa onde permanecia deitado e agora com o polegar arrebentado. Seu pai ria muito da situação.
Retirou do dedo dele e o amarrou de novo entre suspiros de dor e choros o estapeou para que mordesse a bochecha internamente para segurar a dor da perda de seu polegar perdido. Pegou o filho que não sabia o que faze e o levou novamente lá para cima e explicou que aquela era uma tortura pequena comparada aos outros instrumentos que poderiam ser usados dependendo do que o padre te mandasse fazer, mas as vezes era possível usufruir de uma certa liberdade sem que o homem santo soubesse, como recém ocorrera. Achou ótimo que ele não vomitou, portanto, poderia ser um ótimo carrasco, pois até ele mesmo em seus primeiros dias, sentiu ânsia e vomitou pelo local mesmo até que aprendesse que poderia fazer isso no condenado.
O jovem Guillotin achou aquilo muito cruel, imaginava que as torturas eram diferentes, que era apenas fazer um corte profundo e deixar a pessoa morrer em menos de uma hora, mas não, era algo muito mais lento e doloroso, como a perda de um dedo e permanecer vivo.
Dado o prazo de um mês para se acostumar, caso não o fizesse, iria ser torturado até a morte por ter visto o trabalho do carrasco sem permissão do padre. E quem o faria seria o próprio pai.
Seu medo cresceu, sabia que o homem que o deu a vida certamente não teria receio algum de encravar na pele qualquer tipo de equipamento de dor. Sabia que se não se acostumasse, iria ser punido por, incrivelmente, sua deficiência. Talvez se enxergasse, nunca teria entrado naquele local assustador por livre e espontânea vontade.
Não era uma pessoa cruel, tinha receio de muita coisa e acima de tudo, não sabia exatamente o que fazia e os riscos dele se machucar com os equipamentos do local eram realmente muito grandes. Podia esbarrar e se machucar numa dama de ferro e logo após não saber aonde ir. Ou pior, ficar preso ali.
Correu para o lado de fora, tombando diversas vezes nos degraus e fazendo seu velho pai rir com aquela cena ridícula, e em meio a risadas, um choro baixo e soluços de dor vindos do homem deitado e fortemente amarrado, sofrendo ainda pelas ações do leigo rapaz.
Assim que se viu tateando no amplo salão de entrada da igreja, tocou num manto comprido de uma seda gostosa de tocar e então ouviu uma voz imponente o perguntando o que estava a fazer naquele local com o rosto marejado em lágrimas e tão trêmulo, como se recém tivesse passado por uma experiência ruim, e como se desconhecesse o subsolo de sua igreja, o homem, tentando retirar informações que o incriminassem, perguntou de onde ele veio.
Gaguejou por uns momentos enquanto milhões de pensamentos passavam por sua mente, procurando uma desculpa que não o fizesse morrer. Sua vida dependia de apenas uma resposta.
Para o homem, nada aparentou, pois ele só aparentava permanecer assustado com alguma coisa até que ouviu sua resposta. Tinha falado com uma besta. Uma grande besta acinzentada que provavelmente era o demônio e então, chorando, mas agora, mentindo, pediu ajuda do homem que o levou para ao encontro do padre que, visto que ele não enxergava e podia se comunicar com uma besta foi condenado por bruxaria e satanismo, e foi levado a força para ser torturado pelo carrasco.
Visto quando chegaram, que era o filho de um dos homens mais importantes da cidade, os clérigos se assustaram e pediram perdão pelo que fizeram e que já iam soltá-lo. Como se as acusações fossem apenas um xingamento que poderia ser perdoado por um momento. Mas seu pai não o perdoou.
Largaram-no ali e o homem sacou um chicote e logo deu no rosto do filho. Aqueles que o trouxeram saíram rapidamente do local com medo da ira daquele homem insensível que combatia com crueldade até mesmo o próprio filho sem ao menos derrubar uma lágrima de simpatia que fosse.
Um corte foi feito em sua bochecha e este começou a gritar contra o pai que o deu outra chicotada que o silenciou.
Assim que acordou, momentos depois, estava nu e com pesos grudados em seus braços com inúmeras facas amarradas de tal modo que se os seus braços cedessem ao peso ou ao cansaço, seu corpo seria perfurado na região das costelas e cintura. Aquilo era doentio. Grilhões se soltaram e ele agora estava a própria força e sorte para agüentar os pesos durante sua estadia naquela prisão fedorenta e atormentadora.
Escorou-se na parede para ter mais sustento, mas aos poucos seus braços iam descendo e o peso fazia com que o mínimo movimento para baixo já desabassem, fazendo assim, com que diversas vezes sua vida fosse tomada por sua baixa resistência física. Não tinha como alguém normal suportar por mais tempo.
Tentou se deitar para não ser mais atormentado por aquilo, mas o chão era frio e as pedras pontiagudas machucavam seu corpo nu e sabia que seria difícil se levantar naquela mesma posição depois, fazendo assim, a idéia ser descartada rapidamente e sem pensar duas vezes.
Estava quase enlouquecendo com aquilo e seus braços já estavam roxos e com os músculos fadigados quando seu pai adentrou e retirou as amarras, deixando as lâminas e os pesos caírem num som forte no chão.
Olhou-o novamente e falou mais uma vez o que já tinha sido avisado, mas agora seu tempo seria de uma semana para conseguir se acostumar com o trabalho de um carrasco sem ter compaixão ou problemas com as vísceras expostas, pois mesmo que não pudesse ver, ele podia sentir e sua imaginação poderia fazer com que ele sentisse a dor em si.
Recebeu trapos velhos para usar, pareciam molhados com alguma substância quente que endureceu alguns pedaços da roupa. Seu pai deu uma pequena risada e ele soube na hora que aquilo era sangue, provavelmente vindo de alguém que ele recém matou e assim seu pai confirmou, dizendo que o tempo em que ele esteve sofrendo com os pesos, ele estava matando um condenado para conseguir roupas para ele.
Raciocinando um pouco, deu a entender que ele passou mais de duas horas torturando alguma pessoa até conseguir retirar sua vida da pior forma que fosse e deu a ele suas roupas. Usava as roupas de uma pessoa que recém morreu sem ao menos ter tempo para um funeral decente ou um descanso de sua alma.
Ignace recebeu em mãos uma lâmina curva, parecia uma foice, mas era muito curva, como se fosse especializada em alguma coisa em especial, e certamente seriam pessoas.
Caminhou sendo arrastado pelo seu pai até uma cela pequena, lá tinha uma mulher nua que pouco se movia. Pensou ele que estivesse morta até ouvir uma pancada e o homem que o guiava dizendo para ela acordar. Logo uma voz feminina foi ouvida e um choro começou após.
Pegou a mão dele e como se não se importasse com a mulher pedindo clemência, ele colocou a lâmina na perna da mulher que agonizava de dor e cortou a pele na volta. A lâmina curvada era feita não para adentrar na carne e cortar, e sim, apenas para abrir uma fenda na pele.
Pensou que fosse só aquilo, mas não era, foi instruído a pegar a pele com as mãos, tentando cravar as unhas para melhor segurar e puxar para cima. Sem demora, pois a pele podia rasgar e assim deixar uma ardência, mas o objetivo era puxar com força para cima como se estivesse esfolando-a e assim, deixá-la para sofrer.
Estava de pé, com os braços presos acima da cabeça, obrigando a ficar de pé e sentir a dor agravada na perna. Para piorar a situação da garota, ela foi molestada pelo homem enquanto sofria.
Não conseguia mais ouvir aqueles sons, então entrou em posição fetal e se jogou para o lado, caindo em uma poça de sangue e gemendo. Ainda não conseguia fazer aqueles atos tão grotescos.
Foi dormir ali mesmo, com a mulher que teve descanso, podendo ser livre de ficar de pé e agora, podendo deitar no chão e não abusando mais de suas pernas. Ignace sabia que se ela sobrevivesse, não poderia mais andar ou teria dores atrozes em seus machucados e seria dependente de drogas para encobrir a dor.
Os sonhos foram horríveis. Possivelmente era graças a mentira e ao que passou pelo dia, mas acabou por sonhar com aquela besta cinzenta exterminando pessoas de qualquer forma, desde que sofressem antes de morrer.
Na madrugada, a mulher acordou e invés de demonstrar ódio, perguntou porque ele fazia aquilo e num súbito, como se já estivesse acordado, suando e com o coração palpitante respondeu que caso não fizesse, iria morrer nas mãos do próprio pai e nada podia fazer. Não enxergava e não podia ter compaixão com os outros.
Em meio a choros, a mulher respondeu para ele que deveria fugir assim que tivesse chance, permanecer sofrendo com aquilo e fazendo pessoas morrerem não era algo que ele realmente queria e não faria bem algum. Mesmo que se salvasse, aquele tempo ainda estaria gravado em sua mente.
No dia seguinte, só teria mais cinco dias para aprender a ser um homem cruel e sem medo de ferir o próximo de qualquer forma que fosse, a pedido da igreja ou de seu próprio senso de “justiça”.
A prova desse dia seria usar cortinas molhadas para um condenado engolir. Como sempre, seu pai, segurou a boca do homem e o ensinou a como fazer, colocando uma cortina na boca de um homem deitado e forçando-o a engolir até onde dava, quando ele não conseguia mais colocar na boca, seu pai disse para usar uma jarra de água que tinha ao lado e derramar no tecido, que ele seria engolido mais facilmente e daria um tempo para o homem respirar. Ajeitou e molhou como fora ordenado, e assim, o homem engoliu até ficar uma pontinha que fosse para fora de sua boca.
Pensando que viria algo pior a acontecer, seu pai o colocou para o lado e disse para trocarem de lugar, ele faria da próxima vez, então era bom prestar atenção.
Segurou com força aquele pedaço pequeno e puxou com toda sua força e velocidade toda a extensão da cortina para fora do corpo do homem. Líquidos que não continham sangue, mas era óbvio que continha vômito saíram junto da cortinha e era trabalho dele fazer novamente a engolir.
E assim foi feito, e no momento em que deveria retirar com força, ele fez e provocou assim, uma hemorragia no homem, que não parou de borbulhar sangue de sua boca e o seu pai falou que só poderia ser feito mais uma vez e aquele homem estaria morto. Não era o objetivo matá-lo, mas seria bom que ele aprendesse a conviver com a morte em um local de trabalho tão macabro.
Não conseguiu colocar na boca do homem de novo, sabendo que a morte o esperava e irado, seu pai deu um soco nos dentes do homem e o fez morrer asfixiado, engolindo os dentes enquanto o sangue escorria incessantemente, e depois pegou o próprio filho e o amarrou numa roda de madeira gigante. E lá ele ficaria da noite até seu último dia de vida.
Nada o ocorreu e isso foi estranho. Apenas a fadiga de ficar amarrado, mas nada de tão horrendo em seu corpo.
Colocado um saco em sua cabeça para que não pudessem ver seu rosto deformado, foi levado para o lado de fora, cruelmente empurrado escada acima e tendo seus dedos dos pés e das mãos sendo esmagados na escadaria, quebrando alguns.
Sentiu o sol batendo no saco que cobria seu rosto e teve um pouco de conforta, mas estava ainda nervoso. Podia ouvir pessoas se aglomerando e ele foi levado até um altar, foi levado rodando novamente e batendo os dedos machucados no piso até sair da igreja e subir num novo altar, feito de madeira.
Parou. Ouvia murmúrios até que um som que não sabia dizer exatamente de onde vinha ou de que instrumento era, soou e pode-se ouvir passos próximo a ele. Uma voz que não era familiar, mas aparentava ser de uma pessoa gorda, tinha um sotaque alemão carregado que começou a elogiar o padre chamando-o de “Excelência” e “Vossa Honra”. Palavras pomposas para algo humilhante que era aquele momento.
Rindo, o homem retirou o “capuz” de Ignace e bradou para todas as pessoas ouvirem que ele era parte de um grupo de filhos do demônio e muitos rogaram pragas para ele e outras chegaram a atirar objetos e pedras nele.
Um homem gritou o mais forte que pode da platéia, perguntando se aquele não era o filho do grande carrasco e foi respondido com um silêncio constrangedor de todos, até o homem que o humilhava ficou quieto, mas logo, sua irritante voz liberou uma risada e respondeu que aquele rapaz era algo que não mais o filho dele.
Escorreram lágrimas de seus olhos vazios e muitos acharam aquilo nojento e mostraram todo seu preconceito urrando para matarem-no de uma vez e assim o homem que estava perto dele, chamou o carrasco.
Veio com uma grande marreta em mãos, anunciada pelo homem que junto contou que iria ver os dotes certeiros e profissionais daquele homem. Não que precisasse, mas assim seria muito mais divertido.
Silêncio mortal. Algo estava para acontecer. Uma única batida e um único grito de dor. Nada mais e nada menos. Seu pai havia acertado com toda força seu braço esquerdo, quebrando seus ossos, mas sem causar fraturas expostas ou qualquer tipo de danificação que abriria a pele e assim o homem riu alto e muitas pessoas aplaudiram.
Caiu para frente como podia, deixando a cabeça baixa enquanto as amarras de seu braço quebrado pesavam e doíam mais que o normal.
Dando uns tapas em seu rosto para ver como ele estava, já declarou a todos que era para seguir e que foi um golpe de boa qualidade. Não tinha porque parar por motivos tão fracos como a dor. E uma segunda marretada foi dada em sua perna esquerda, deixando-a molenga e um grito estridente fugir de sua boca.
Não demorou e ele apenas estalou os dedos e uma terceira fora dada, agora em seu braço direito e aquela dor enorme fez rasgar os céus verbalmente. Logo era a vez da perna direita.
Estava sem fôlego de tanta dor, as pessoas olhavam para seu rosto abatido e aplaudiam o carrasco por ser tão profissional.
Batendo palmas, ele falou para todos que o melhor ia ser deixado para o final e enquanto divertia e deixava o público mais excitado, Ignace olhou para onde vinha as marretadas e suplicou para que seu pai tivesse consciência de seus atos e parasse com aquilo. Nada ocorreu e sem que todos prestassem atenção, a quarta marretada acertou exatamente em cima do joelho e o barulho foi tão alto que todos ficaram quietos e olharam para aquilo. O homem conseguiu quebrar a perna com tamanha força que danificou a roda, mas não abriu a pele do garoto, fazendo todos gritar a aplaudir. Mas o rapaz não gritou dessa vez, apenas desmaiou de dor.
Assim que acordou com um balde de água fria na cabeça, se viu novamente ainda naquele desespero mas não conseguia mover nenhum de seus membros com os ossos destroçados.
Seu pai pegou uma mão dele e ele sorriu solenemente, como se o perdoasse, mas não, era a felicidade por esperança de poder ser salvo. Algo horrível estava para acontecer e antes que pudesse se iludir mais, sentiu uma dor atroz ao ter seus membros dobrados como grandes pedaços de borrachas e amarrados na roda de madeira e pendurada numa estaca.
Parecia um amontoado de carne vermelha e roxa com uma cabeça feia e cabisbaixa enquanto os dias passavam e aos poucos, ia morrendo pelo sol escaldante pegando diretamente em seu corpo e a falta de nutrientes.
Era noite já quando caiu duro no chão e enfim acordou de um longo sono. Se levantou e sentou-se. Acariciou o rosto, como se esperasse estar novamente normal, mas a única mudança que fora notada, foi um som metálico que saia de seu peito a cada vez que se movimentava.
Pensava que fosse mais algum tipo de tortura de seu pai, então nada falou e permaneceu sentado, apenas esperando que alguém viesse e o puxasse, estrangulasse, amarrasse ou o que quer que fosse feito com aquela corrente quebrada.
Esperou por dias sentado e ninguém o vinha pegar ou agredir, logo, se levantou e foi tatear a algum local que pudesse fazer alguma coisa.
Não sentia fome, logo não precisava trabalhar para comer ou beber, seu sono era curto, pois nada fazia e pouco precisava descansar. A corrente já tinha sido associada a alguma espécie de tortura pelo fato dela estar grudada em seu corpo e provavelmente fora posta quando estava pendurado, a sorte é que estava desacordado.
Ninguém o esperava e nada tinha o que fazer, sentava-se e ficava dias nisso, não enxergava e as pessoas na sua volta também não o viam, o que o deixou isolado do mundo. No começo isso foi prazeroso, dava uma sensação de silêncio interno e nada o podia machucar ou o agredir verbalmente.
Ao decorrer dos dias, começou a se sentir solitário, parecia que aqueles momentos em que estava “sozinho no mundo” acabaram por formar uma incrível solidão. Começou a procurar alguém que conseguisse vê-lo.
Tentativa em vão. Passou dias a fio procurando por uma única pessoa que pudesse falar com ele. Estavam todos cegos por algum motivo? O censuravam após a humilhação para ver o que iria acontecer com ele? E aos poucos começou a ficar louco. Enlouquecendo por motivos criados em cima de uma paranóia que fora infligida em seu coração através da dor sentida quando vivo.
Vagava pelo vilarejo como se fosse uma alma penada e algumas pessoas pediram bênção do padre pois ouviam barulhos estranhos durante a noite e de dia encontravam marcas de como se alguém tivesse passado por ali. E logo um rumor do fantasma surgiu, assustando a todos. Inclusive o poderoso e imponente padre.
Ninguém sabia ao certo como expulsar aquele fantasma agourento que de tempos em tempos urrava de dor (muitos pensaram que fossem as almas dos condenados) e então a igreja, com todo o seu poder, chamou exorcistas para retirar a pobre alma que vagava a procura de amparo.
Muitos tentaram e nenhum chegou a fazer qualquer tipo de coisa com Ignace. Sacrificaram virgens, mataram animais e jogaram o sangue pela cidade, torturavam pessoas com o pensamento de que elas o invocaram. Já não se importava mais, mas ficava com uma sensação ruim em tudo aquilo ocorrer por causa dele. E nada podia ser feito. Não sabia o que fazer nem o que estava acontecendo.
Um homem alto, dono de uma comprida barba branca se ofereceu para ajudar de graça e sem pensar duas vezes, aceitaram seu trabalho. Aquele foi o dia em que o rapaz de mente confusa finalmente iria para outro lugar.
Vagava com uma queimação forte no peito, o barulho que antes vinha de uma comprida corrente agora vinha de um solene balançar de um pequeno pedaço. Era de tarde, começando a anoitecer, sentia o frio no corpo, mas pouco importava naquelas condições em que se encontrava. Até que o homem parou em sua frente.
Ouviu-se um barulho de como se alguém engolisse algo e um som não identificado, após um corpo caindo. Se assustou e sentiu que estava sendo ameaçado e logo se preparou para fugir. Tentando dialogar, o homem se apresentou e disse que o mandaria para um lugar melhor, mas teria que fazer rápido, ele estava num ponto crítico de sua própria existência.
Não conseguia acreditar que após tanto tempo uma pessoa conseguia vê-lo e finalmente, poder interagir com outro ser.Alegrando-o. Andou na direção do homem e então ouviu um desembainhar de espada e ficou em alerta. Aquele ser que o salvaria estava armado com uma arma branca, provavelmente não era um salvador.
Se viu correndo aleatoriamente para qualquer lugar na direção oposta do único que poderia acalmar seu espírito cansado e solitário. Mas não tinha escolha, não queria morrer.
Podia sentir os passos atrás de si e sabia que estava sendo perseguido. Talvez aquele homem fora contratado para matá-lo. Poderia ser uma escolha bonita, visto que não agüentava a própria presença e então parou e olhou.
Uma dor no peito o fez cair antes que pudesse dizer qualquer coisa.
Teve convulsões e asfixiou, vendo-se então a si mesmo. Conseguia enxergar e isso o fez sorrir...até ver seu rosto totalmente deformado e magro. Uma máscara de desespero cobriu seu rosto e então tornou a correr, mas não conseguia se afastar de si mesmo. Não podia fugir de quem ele era.
Numa tentativa de salvá-lo, o homem correu e empunhou sua arma para cima e desceu com força o cabo na testa de Ignace, sendo aparada por uma máscara e erguendo a cabeça e olhando para o homem, seu corpo se desfez.
Todas as famílias que já estavam em suas casas graças ao toque de recolher puderam ouvir um rugido alto e os clérigos que vieram ver o que tinha acontecido, viram o corpo do homem que ofereceu esforços sem que fosse necessário pagamento caído no chão. O demônio estava por perto.
Correram de volta para a igreja a fim de buscar salvação, mas as portas estavam fechadas, a fim de proteger aqueles que estavam lá dentro. O pânico foi então formado. Pessoas com medo não podiam sair de casa por ordem do Senhor e aqueles que faziam a guarda do lado de fora, temiam por suas vidas. Era um momento de vingança.
Formado uma besta de forma irregular, não parecia nenhum animal conhecido, mas era quadrúpede e tinha uma máscara que lembrava vagamente o rosto de um rinoceronte. Apenas isso. Uma espécie de exoesqueleto protegia o corpo (exceto por um grande furo que apareceu no centro de onde deveria ser a testa dele) enquanto em sua comprida cauda, pequenas estacas vermelhas ficavam apontadas para baixo de forma ameaçadora. Em seus olhos vazios podiam ser vistos e demonstravam uma ansiedade em conjunto de ódio. Mas era apenas uma forma insaciável.
Detonou o telhado do prédio e aguardou o som das pessoas correndo para poder mandar o próximo ataque. Permanecia sem ver e por isso, ainda era dependente dos sons e nada podia fazer parado. Sentia uma força maior em seu corpo e uma dor terrível em sua barriga.
“Hadou no Yon”, o homem deu sua posição no meio de um casal acompanhado de muitos filhos que corriam para se salvar do desabamento da casa, que acabou por levar o hollow junto. Era o que ele queria, pois o homem só teria um local para ir, acima dele para finalizar. E foi nesse momento que abocanhou o ombro dele, mas teve que soltar por causa de um empurrão de ar que bateu em sua máscara.
Sabor muito gostoso, precisava abocanhar de novo aquele corpo que agora tinha um braço debilitado pela mordida anterior. Passou a língua entre os lábios e partir novamente em direção ao inimigo.
Estava ele na frente da casa com o ombro pingando sangue e com sua espada em mãos enquanto o hollow tinha seu corpo machucado pelas telhas e pedaços da casa, mas nada o parava, correu insanamente em direção ao homem e abriu bem a boca, pronto para abocanhar a cabeça do inimigo e poder saborear sem problemas e sem sofrer mais. Mas ele revidou.
Tinha todo o peso da espada, que lembrava uma katana, em apenas um braço, mas conseguia mover normalmente, manuseando de uma lado e para o outro, mas certamente pesava nos músculos.
Cortando a parte superior da boca, onde deveria ser o lábio e levando a arcada dentária superior para longe. Foi apenas um ataque para fazer a besta cair.
Tombou para o lado com uma poça enorme de sangue que não cessava em escorrer. Rapidamente, para não dar brecha de um novo ataque, empunhou sua espada e a desceu com força para acabar com a criatura, mas ele usou a sua força física para se jogar para frente e penetrar o seu grande chifre no peito do homem que ficou encravado. Não podia ser comido e não conseguia se soltar com apenas um braço, tendo uma morte lenta e dolorosa.
Mais uma vez, caiu para o lado e ali adormeceu. Foi sua primeira transformação e a luta quase foi perdida. Não conseguia raciocinar direito, queria comer o corpo que estava em seu chifre, mas doía quando mordia por causa da perda de uma parte de sua boca, tornando assim impossível comer e torturante a fome que sentia.
Acordou com um estrondo do seu lado, era uma bola de fogo enorme que quase o acertou. Um homem como o que ainda estava em seu chifre estava em sua frente, só que no ar conjurando alguma coisa. Não tinha tempo, sabia que iria vir outro poder e então correu para a mesma floresta onde perdeu sua irmã.
Evitou prosseguir por causa dos traumas que tinha recebido por ali, até que recebeu nas costas a mesma bola de fogo e com um rugido, mordeu a perna do homem preso e começou a comê-lo, independente da dor que sentia ao mastigar, estava com fome e sendo atacado. E assim adentrou na floresta.
Não sabia exatamente para onde ir, então apenas correu desesperado em busca de algum local para se abrigar do humano de preto que o atacava suspenso no céu. E só então ele começou a pensar. Como ele conseguia? O que era aquele corpo? Porque fugia e porque tanta fome assim, do nada?
Chegou na mesma clareira onde estava sua irmã, perto de um lago com cachoeira, mas dessa vez não sentiu medo, pois tinha coisas mais importantes para se preocupar e se abrigou embaixo daquela grande parede de água que caia. Trancou a respiração e mastigou lentamente o homem. Mas algo inesperado aconteceu. O inimigo estava já na sua frente e uma bola de fogo passou zunindo do seu lado, escapando por pouco e tostando o chifre junto do cadáver.
Sem poder escapar, rugiu com o intuito de deixar o inimigo longe e pulou para fora, mas era exatamente o que ele esperava, mirou os dois dedos na testa do hollow e disparou um raio branco. Tudo parecia perdido.
Era um momento crucial.
Uma espécie de boca enorme se abriu em sua frente. Ela era escura (surpreendendo o guerreiro do céu) e assim que adentrou, se fechou. Onde pisava, uma massa nojenta grudava e endurecia em seus pés, formando um pequeno caminho para outra extremidade que parecia ser a mesma “boca” por onde adentrou.
Saiu e se viu no meio de um deserto. Um enorme deserto. Não era frio, nem quente. Seus pés passavam perfeitamente pela areia, afundando relativamente pouco apesar de seu grande porte e possivelmente, grande peso.
Estranhou a mudança de local como qualquer um faria. Onde estava seu atacante? Não importava. Estava agora a salvo, mas desconhecia a região e sem saber, isso era perigoso para ele, ainda mais por carregar um corpo de uma das comidas preferidas de sua espécie.
Caminhou por alguns momentos quando debaixo da areia, sobe uma criatura. Sabia que não era humano e, portanto, tomou uma atitude mais defensiva e alerta ao que viesse. Não demorou e o ser soltou uma pequena risada e começou a persuadir o iniciante naquele mundo a se aproximar. Ficou quieto “olhando” o inimigo, como se o encarasse por uns momentos.
Uma onda elétrica o acertou, mas conseguiu aparar por uns momentos, como se o desafiasse até que caiu no chão, se rendendo novamente a dor causada pelos outros. Perdia a consciência aos poucos enquanto sentia o movimento na areia do predador se aproximando quando tentou usar a mesma estratégia com o homem em seu grande chifre, jogando com todas suas forças, o grande peso do corpo e seu corno em direção ao peito inimigo. Penetrando perfeitamente. Mas algo novo ocorreu.
A criatura riu alto e então tocou na base da cabeça do “rinoceronte” e depois na ponta que saia em suas costas e chutou o rosto da criatura, mostrando que acertou o buraco da corrente e lhe falou que a falta de emoções o salvou daquela vez e que já sabia dos truques sujos que aquelas besta caída usava. Surrando-o mais uma vez.
Retirou o corpo do chifre e se jogou para trás, indo se alimentar dos restos mínimos do homem e deixando o hollow recém formado para trás.
Com certo esforço, se ergueu e aguardou uns momentos, abriu seus olhos, mas nada conseguiu ver ainda. Mesmo mudando de corpo e local, permanecia cego e nada podia fazer para melhorar sua condição. A fome persistia e estava num local desconhecido, seria mais difícil que o normal se alimentar, ainda mais se os inimigos todos fossem como aquele que recém aparecera.
Vagou por dias, comendo apenas areias e atacando violentamente árvores fossilizadas que encontrando no caminho, devorando-as logo após e mesmo assim sua barriga permanecia reclamando de fome.
Fechava quase um mês quando bateu de frente em uma carapaça sólida que se movimentou e fixou suas mãos em pegar a criatura. Era enorme e ele parecia um filhote em sua mão, pois coube perfeitamente com exceção de sua cauda que ficou para baixo. Os espinhos em sua cauda causavam nenhum tipo de machucado naquela colossal criatura.
Uma majestosa voz, ecoou por todo o local, perguntando o que ele pensava que estava fazendo. Muitos ficariam com medo, mas como não tinha noção de tamanho, apenas falou normalmente, respondendo que nada podia ver, logo, não enxergaria algo tão grande como ele.
Um gorgolejo sonoro foi ouvido, talvez fosse a risada daquele gigantesco animal e então o colocou no chão e arrancou um pedaço de seu próprio dedo, como se roesse uma grande unha e disse para que ele comesse como uma prova da consideração por não ter medo algum frente ao perigo eminente. Era nojento, mas nada podia fazer contra a dor sentida na barriga pela fome desenfreada. Comendo sem pensar duas vezes. Sentiu sua força crescendo.
Não mais estava cansado e a fome simplesmente diminuiu muito e agora, queria comer aquele gigante que o segurou pelo chifre e o jogou para longe assim que avançou. Sua força, como tinha aumentado fez com que não se machucasse tanto, mas fez uma onda de areia enorme.
Conseguiu entender agora que o melhor jeito de terminar com a própria fome era comendo qualquer coisa que se movesse por ali. Todo tipo de substancia comida a partir daqueles monstros poderia ser letal, mas a carne deles seria algo aproveitável, até mesmo a máscara que carregavam (mesmo que tivesse gosto de osso sujo).
Alguns meses se passaram e ele foi atacado por um grupo. Usou todas suas técnicas de combate para se defender, mas acabou por ser mordido até a morte. Era fraco demais para todos aqueles juntos.
Mas não morreu. Uma última centelha de força de vontade de viver o fez acordar, mas seu corpo começou a se juntar com a areia e com as criaturas que se alimentavam de seu grande corpo e assim, virou um gigante em vestes negras e uma gigantesca máscara branca com três furos no nariz.
Sua coordenação era limitada e seu peso o fez afundar na areia até que caísse em uma área escura, mas o buraco feito acima de sua cabeça deixava a luz lunar adentrar e bater em seu rosto, o acordando.
Estava atordoado pela queda e a única coisa que vinha em mente era “comer”. Nada mais e nada menos. Seu cérebro processava ações e pensamentos de forma lenta e quando conseguia raciocinar, se via já fazendo o que queria ou não deveria fazer, contrariando a si mesmo em alguns momentos.
Aquele mundo subterrâneo era um caos sem fim. Era terrível se movimentar. Volta e meia se via batendo em alguma daqueles grandes pilares de pedra que na verdade eram as árvores fossilizadas da superfície.
Quando esbarrava num ser como ele, não demorava e o pegava com a mão e colocava na boca, sem controle algum de qualidade. Pensamentos fracos até que se rendeu a isso e deixou que seu corpo movesse como bem quisesse.
Muitos anos se passaram até que, após comer uma girafa monstruosa, seu corpo se modificou, tendo uma aparência mais humana. Permanecia nas quatro patas, mas tinha dois troncos, uma para suportar as quatro patas e outro com as costelas para fora que seria um tronco mais humanóide e ali permaneceria com o rosto mascarado de um rinoceronte bruto.
Não sabia ao certo o que era aquilo, mas tentou comer o seu próprio braço para ver se tinha o mesmo gosto de antes. Completamente diferente e muito mais saboroso. A tentação foi grande em não terminar o auto canibalismo.
Após a mutilação de seu braço, esperou por uns momentos e sentiu que muitos se aproximavam. Não sabia exatamente como sentia isso, mas tinha certeza em seus instintos e logo apareceram várias criaturas. Estava cercado e um combate seria perfeito para testar o “novo corpo”.
Já tinha renascido três vezes, pensava agora que era algum tipo de redenção para seu espírito e algum dia poderia enxergar e ver o que o rodeava, pois por mais que andasse só encontrava areia e rochas.
O momento não era propício para parar e pensar em seus motivos egoístas, tinha que se preocupar com aqueles que chegaram e provavelmente não deixariam muito tempo para que se movesse e logo apontou a mão para um e disparou um raio de sua mão, detonando completamente o corpo do adversário e o outro solta um barulho pela boca e uma o chão começa a tremer.
Um rugido fora ouvido e ele já sabia o que era. Seu “ancestral”. Parecia que aquele inimigo controlava ou conseguia chamar de alguma forma aquele ser sem pensamentos movido por instinto e fome.
Seu braço fora jogado fora graças a um raio semelhante ao que tinha soltado a pouco pela mão e colocando a outra mão para segurar e diminuir o sangramento olhou para o local onde fora enviado o raio e então disparou outro em resposta. Não danificou muito o corpo adversário, só o fez ser jogado para trás.
Aproveitando a briga dos grandalhões, o hollow que chamou o Menos pulou para cima de Ignace que sentiu sua presença e se virou rapidamente dando uma chicotada forte no animal que foi batido em uma pedra e rapidamente perder a consciência. Ou apenas fingiu, visto que não teria chances caso se metesse no meio da briga entre o invocado e o Adjuncha recém formado.
O barulho foi apenas de explosão, nada de despedaçamento como esperava. Resolveu desferir diversos tipos de esferas liberadas pelo seu único braço na direção do animal a fim de abatê-lo. O sangue escorrendo começava a causar tonturas nele e assim vacilou um pouco, dando brecha para a criatura atirar outro raio em sua direção que fora desviada por pouco enquanto corria desengonçadamente para perto do corpo do que estava caído e começou a morder o corpo dele até tirar pedaço e somar o poder ao seu e assim, ajudando a curar o braço perdido.
Parando sua fonte de terror que era o braço sangrando, permaneceu atirando esferas de energia no inimigo, mas não ouviu o estouro e ficou alerta. Onde uma criatura tão grande foi parar?
Sentiu o vento em seu lado e saltou para trás, mas a mão da criatura era tão grande que o pegou em cheio, deixando apenas sua parte humana descoberta, quebrando alguns ossos de sua parte animalesca. Urrou de dor e em meio a lágrimas que escorriam pela máscara, mordeu a mão daquele que o apertava e não conseguia engolir de tanta dor, então apenas cuspiu fora os pedaços abocanhados, como se renegasse tal criatura.
Aquele que o segurava abriu a boca e carregou um Cero, não se importando com a própria mão desde que parasse de sentir aquelas mordidas profundas. E foi quando sentiu o perigo que olhou para seu atacante e disparou as esferas novamente, explodindo completamente a máscara do animal e assim, caindo para trás.
Aterrissou no corpo da criatura e teve seu corpo liberado pela morte do mesmo, deixando seu corpo receber ar novamente e sem pensar duas vezes, abocanhou o corpo da criatura.
Outros se aproximaram, mas ao ver que já tinha um dono que comia sozinho o corpo do Menos, se assustaram pelo fato de ter abatido aquele gigante sozinho e estar quieto ali comendo. Sua fome se desfazia a cada bocada e sentia seu poder crescendo, pois afinal, um Menos é composto por vários hollow e aquilo o ajudaria muito a crescer.
Assim que acabou com todo o corpo daquele animal naquele grande deserto onde era impossível ter coisa melhor para se fazer, saiu em busca de outra coisa para fazer. Já sentia que não precisava mais comer, mas a medida que andava, uma certa fome batia novamente em seu estômago. Aquilo era interminável.
Boatos em todos os lugares foram ouvidos de um adjuncha que venceu sozinho um Menos e dois hollows sem grandes danos até chegar ao conhecimento dos Allankars, uma raça superior ao que Ignace era (mesmo que desconhecesse a ordem de classes e de tudo que já passou, apenas sentia as mudanças no corpo e permanecia com seus pensamentos religiosos).
Não se passou uma semana que fosse e um homem apareceu na frente de Ignace, fazendo perguntas para ele. Não conseguiu demonstrar para o homem outra coisa além de total ignorância.
Um suspiro pode ser ouvido quando, brabo por demonstrar tamanha burrice sobre quem era, gritou palavras agressivas a fim de que aquele homem não o zoasse por sua falta de conhecimento. Completamente ignorado, até que foi explicado muitas coisas para ele, como o que era e como fazia tais coisas. Era um homem muito sábio. Ou simplesmente mais experiente.
Mostrou que conseguira passar por muitos desafios e problemas, mesmo sabendo tão pouco do que ocorria na sua volta até que foi instruído de fazer algo que nunca sequer passou em sua mente. Retirar a máscara.
Como se fosse um choque, pensou que aquilo era algum tipo de mentira, pois, no meio daquele deserto de canibais, não podia acreditar em tudo que ouvia e irado, o homem disse para olhá-lo e ver que ele já tinha retirado a própria máscara e com a voz séria respondeu que nada podia ver. Não deu muito dano psicológico no homem que apenas suspirou novamente e o instruiu a retirar a máscara para conseguir um poder maior e assim, obter um número entro os mais forte. Ignace era um hollow forte e interessante e não podia continuar sendo censurado aos olhos daqueles que comandavam o deserto do agora conhecido, Hueco Mundo.
Colocou uma mão no rosto e falou firmemente para o homem que caso algo desse errado, iria caçar a cabeça dele pela eternidade afora. E puxou. Estraçalhou completamente aquela casca que cobria sua face deformada
Seu corpo diminuiu, transformando-o num humano, com um pedaço da antiga máscara que agora é apenas uma arcada dentária superior (a mesma que fora perdida em combate pela primeira vez). Era alto e tinha um corpo musculoso mas com inúmeros cortes, dos anos que lutou incansavelmente pelo deserto. Surgiu uma enorme espada em sua mão esquerda e conseguia manipulá-la perfeitamente, mas como era pesada, preferia arrastá-la.
Visto tamanha feiúra nele, rasgou um pedaço de sua manta e deu para ele colocar na cintura e o levou em direção a um enorme castelo da qual Ignace, mesmo com todo seu tamanho, não conseguiu tocar na porta, mas a abriu facilmente.
Outros como ele se aproximaram e ele cortou um com um único golpe e foi logo aparado quando movimentou sua arma novamente. O homem disse que não permitiria aquilo, se estivesse com medo, era melhor se acalmar porque ali não continha inimigos, apenas Allankars que iriam fazer uma roupa para ele.
A demora em fazer uma roupa era tamanha que ele apenas pediu um sapato para aparentar ser maior e demonstrar o poder ameaçador e ia embora.
Aproximava-se da saída do local quando o homem que o ensinou aquilo tudo coloca em sua cabeça uma pirâmide de metal gigantesca. Não incomodava e talvez, fosse melhor para todos que não precisavam ver sua face horrenda.
Acostumou-se com aquilo e resolveu andar pelo castelo, visto que lá não precisava mais se preocupar com a vida ou a morte, relaxando um pouco (mesmo que de vez em quando tivesse uma crise e atacasse tudo). Procurava alguém que conseguisse segurar todo o seu poder e assim, seria leal até a eternidade aquela pessoa.
Allankar formado, agora nada tinha a fazer além de ficar mais forte, buscava treinos pesados e alguma coisa para fazer, e isso seria o começo da jornada do grande guerreiro Reikokuna Ignace Guillotin, filho de Sedlmeier Guillotin VI e de Phin Menguele.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Shihouin Saikou, Iniciante Errante
Preferi zoar, fazer piadas de colegas, pois caso ficassem sabendo das coisas que minha mãe faz, eu iria ser zoado. Até então ninguém sabia, ninguém. Até que minha mãe consegue uma doença sexual, advinha por quê? A tal da AIDS. Não tinha cura, e era muito comum, em outros continentes, claro. Após 3 anos, minha mãe morreu, eu não chorei, nem fiquei relativamente muito triste, eu estava quase para completar 18 anos, e poderia me virar, já que tinha terminado os estudos, e feito alguns cursos. Ninguém ficou com minha guarda, eu só fiquei na minha casa, escondido para que não me levem até eu fazer meus dezoito anos.
Diferente do que eu pensava, aqueles gordos ricos, gananciosos, não contratavam qualquer um, só os que eles querem. Eles não estão nem aí para o mais qualificado, quer ver dinheiro no bolso dele, certo ele, né? Fui obrigado a roubar, para sobreviver. Poderia ser tudo, menos um ladrão, ia contra meus princípios, QUE DROGA! Roubar para sobreviver. Maldita vida, injusta para uns, e mais bondosa para outras. Em um assalto em uma quitanda, policiais a paisana passavam pelo local, e eu fiz o dono do estabelecimento refém. Na minha cabeça passava, o que a puta da minha mãe havia me ensinado? Não roubar, não matar, respeite a deus, respeite a vida alheia, agora, eu resisti a teimar nisso, e olha no que deu... ?
Situação tensa, achei um modo de escapar, pelo esgoto da casa, caminhei por algumas 3 horas, os policiais não conseguiram me pegar, graças a deus. Eu saí do outro lado da grande cidade "Tókio". Todo cheio de excrementos humanos, eu estava numa parte da cidade em que eu nunca vi antes, cheia de prédios, barulho, e pessoas se movimentando, e até passando longe de mim, pelo meu cheiro de bosta. Homens bem arrumados, então, quando me dou conta, a praça está infestada de policiais, a única coisa que veio na minha cabeça foi: "Holy Crap."
Eles nem pensaram, dispararam suas armas contra mim, sem nenhuma chance de defesa, eu lentamente caía, jorrando sangue. Olha no que deu! Maldito mundo! Não nos dá uma opção digna, não nos dá uma vida digna. Quando dou conta de mim mesmo, eu vejo meu corpo, cheio de sangue, e caído no chão, e os policiais avançando cuidadosamente, alguns rindo.
Fiquei vagando pela praça, deitado no chão, e a olhar para as estrelas, até que um dia fatídico, um monstro mascarado chegou. Atacou-me, quase foi destruído, e devorado. Realmente tenso. Quando ele correu, para me comer, foi abatido por outro monstro, como ele. E o devorou, nem olhou para mim, se transformou em um bicho estranho, e gigante, menos grande. Foi uma surpresa, ser salvo por um bicho feio, daquele, que entrou numa Garganta, e se foi. Por que aquele monstro me salvou? Não demorou muito, até que alguns homens de preto me enviaram para Rukongai 13. Um lugar extremamente pacífico, paz. Vivi ali, sem nenhum objetivo, com pessoas que poderia chamar de 'real família'. Uma na qual eu gostaria de lutar para defender.
Noite barulhenta, Rukongai toda dormindo, alguns usavam a força para tirar as coisas das pessoas, assim como eu fazia na terra. Claro, me arrependi de ter feito aquele homem refém. Minha casa foi invadida por lutadores de espada, que estava ali para matar-nos e levar todo o dinheiro e comida que com suor, conquistamos. Não iria deixar, até que, subitamente reconheci o rosto do homem, era o que eu havia feito refém. Até onde eu sabia, ele era honesto... Lágrimas, mais lágrimas de ódio. Como um homem honesto pôde se corromper. Filho da puta. Parti para cima dele com tudo, e o derrubei, com uma força acima do normal. Gritei para que meus familiares fugissem com todo o dinheiro que conseguissem, que eu ficaria, e lutaria com os três homens. Eles fizeram como eu mandei, correram, e eu, inexplicavelmente, os derrotei.
Após alguns anos, vi que estava ficando muito forte, e me pediram para me alistar na academia Shinigami, onde conheci os colegas Thanatos e Kaminari, que sempre ficavam se confrontando. Nós treinávamos juntos, andávamos juntos, e até brincávamos, dizendo que éramos "Sanmi Ittai". E a partir daquele dia, era nosso Sobrenome. Eu me destacava no quesito velocidade, e combate corpo-a-corpo. Características de um Shihouin. Aceitei a proposta, mais não me distanciei de meus colegas, jamais faria isso! Eles eram minha nova família. Eu era um completo inútil, 5º posto da 3º divisão. Tinha contato constante com o Sanmi Ittai. Grupo que ficava cada vez mais famoso no Seireitei, pela evolução rápida dos dois Shinigamis, que já possuíam Shikai. Kaminari foi o primeiro a se tornar Taichou. O meu método de entrar para o grupo de Taichous, foi o mais fácil. Fui aprovado entre eles, já que era um Shihouin, e tinha competência para o cargo, era um dos fuku-taichous mais poderosos, e o unico a possuir bankai. De inicio, recusei, pois não tinha interesse em se tornar Taichou, e os testes eram um saco, apenas em dominar sua ultima técnica, o Shunko nivel 3. Foi treinado diretamente com o capitão Shihouin. Após a morte dele, no 3º Bantai, eu a liderança da familia, eu deveria esquecer, de ser Taichou... só queria vingar sua morte.
...Ainda não. Eu vou vingá-lo! Eu teria que lutar com o Shinigami que matou o lider Shihouin, aí sim seria taichou, deveras este ser forte. Avancei rápido contra ele, e acabei me ferindo, até hoje, não sei quem é o vagabundo, safado. Apenas que sua Shikai era uma flauta, que a cada nota, fazia levantar uma barreira. Prescisava ser rápido, ou ser muito forte. Então, ativei meu shunko nivel 3, e a cada barreira levantada, era destruida com um soco, combinei força com velocidade, e acabei humilhando-o, acabando com o Taichou sem usar Bankai, assim entrando para a história do Seireitei.
Akakotsu Sajin, o Baphomet
Em épocas antigas, quando os templários ainda cavalgavam procurando converter pessoas para a religião deles na base da justiça de suas espadas, secretamente (sendo depois descoberta) a religião de Baphomet. Muitos se sentiram ameaçados e diziam que aquilo era obra do demônio, mas na verdade, o verdadeiro Baphomet era um deus que representava a união do homem, da mulher e do animal, ou seja, a união que representava a perfeição carnal dos “seres vivos”.
De tanto taxarem de demoníaco a pobre criatura, um outro deus o viu de outra forma e assim como os humanos (que foram feitos à sua imagem e semelhança) e procurou firmemente que o deus da união fizesse algo errado, e quando o fizesse, o mandaria direto para o submundo junto com os outros deuses.
Sentindo-se ameaçado, ele resolveu pedir para seus fiéis se armarem e treinarem para a guerra, que em breve, algo de ruim iria acontecer com ele, sem piedade e misericórdia. Muitos aldeões se assustaram com tal ato vindo de um ser pacífico que apenas dizia para eles respeitarem os cinco elementos e as criaturas que faziam o mundo girar de forma natural e sem distúrbios.
Baphomet com seu ato de proteção da premunição, fez com que aquele Deus que o observava seguidamente, visse o ato como um anuncia de agressividade da parte do deus animal/humano. Todos se assustaram quando paladinos apareceram em suas aldeias procurando por fiéis e tentando convertê-los, mas que foi atacada para defesa, a profecia do deus fora feita e agora muitas vidas foram desperdiçadas.
Outros deuses, que dominavam outros locais acabaram por ver aquilo e reagir em prol ao Deus que observava de tocaia, e assim mandaram todos juntos para o submundo e fizeram com que seus fiéis de todas as regiões vissem a criatura como um animal grotesco que trazia mau agouro e maldições, assim como ia contra os deuses por causa de sua “tentativa de ataque”. Ninguém nunca perguntou o porquê ele resolveria atacar os deuses, sendo que ele/ela já era um.
No mundo inferior, o animal era uma criatura odiada por uns e cobiçada por outros e foi terrível a vida que o ex-deus levava por aquele local. Não podia confiar em ninguém e era sempre taxado ou esculachado por algum demoniozinho ridículo. Ele conseguiu sobreviver graças a sua força, mas não de um deus, e sim de ser a união de todos os animais que se movessem e foi isso que chamou a atenção de um dos deuses do inferno, que o convocou para perguntar se ele não queria fazer parte da liderança de tal local. Ela/ele respondeu com um não e foi mandado de volta para o local onde residia.
A vida por lá era difícil e seus poderes divinos que foram tirados, sua vida eterna também se fora, e sem esperanças, resolveu ser abusado e morto por qualquer demônio que aparecesse perto dele/dela e assim poder usar suas últimas forças para segurar a cria até o nascimento.
Nascida uma nova vida, mas não tinha nenhum sinal da divindade do corpo de Baphomet, era apenas um demônio como qualquer outro, só que com o sangue de um antigo deus que agora já morto, em suas veias. Não conseguiria sobreviver sozinho, e então resolveu comer os pedaços de sua mãe e morar com os pelos de seu pai e a proteção dos ossos do crânio de animal. Essa cria, aos poucos ia se tornando uma criatura maior e mais forte, e com certo esforço, conseguiu se integrar juntos com os outros demônios em suas formações.
Visto por todos como apenas outro demônio, não foi difícil conseguir a integração social, mas aqueles com que se relacionava, descobriam o sangue divino e agrediam o filhote bastardo. Vivia a base de ajudas (sempre em troca de alguma outra coisa, mesmo que o próprio corpo, pois nunca conseguiu se estabilizar como uma entidade poderosa) e esconderijos.
Num certo dia, o animal conseguiu se encontrar com semelhante, um demônio que perdera os pais num massacre e agora vivia abandonado e sozinho. Unindo forças eles conseguiram ajudar um ao outro, até que foi traído pelo companheiro para ele conseguir uma vida melhor, esse for o maior erro dele, confiar em um demônio puro.
Anos se passaram até que conseguiu um parceiro e pode ser aceito pelo que era talvez o demônio com a qual se encontrasse não tivesse problemas com o que a criatura era e assim, pode acasalar e ter um filho, que dessa vez, conheceria a mãe e o pai.
Sajin seria o nome dele por acharem ele bonito e ser misto, e como o pai era um demônio da raça dos vermelhos (um dos mais poderosos e conhecidos, talvez por esse motivo aceitasse a mãe do pequeno demônio, pois ela era mais uma entre muitas e seria caridade, apenas, engravidá-la) ele recebeu o sobrenome de Akakotsu (osso vermelho). Viveu longos anos com seus pais, até que sua mãe foi agredida e morta pelo pai em sua frente, mostrando para ele que não deveria mostrar fraqueza perante qualquer ser que seja ainda mais num local onde só existem seres semelhantes à pessoa que o falava.
Quando teve idade o suficiente, saiu de casa tentando sem sucesso a matar seu pai, não em vingança de sua mãe, mas por apenas mostrar que era forte como um demônio filho de um dos vermelhos. O pai não foi procurá-lo, apenas deixou que saísse para morrer n rua. Decepcionado por ter falhado, foi embora e começou uma procura por locais onde pudesse conseguir dinheiro naquele local árido e feio.
Em um bar localizado numa das extremidades do local onde viviam, ele adentrou e tentou se socializar com alguns homens que ficavam lá procurando empregar jovens e ingênuas criaturas para poder fazerem trabalhos difíceis que apenas um tolo ousaria correr o risco.
As necessidades eram grandes, e ele aceitou o emprego, desde que pagassem antes. Indo atrás de uma relíquia que ficava guardada por um ninho de vespas amaldiçoadas que tinham um ferrão do tamanho de um braço humano e eram muito venenosas. O caminho era difícil e escuro, da qual com apenas uma tocha ele conseguiu chegar até seu destino, um buraco cheio de insetos esperando para matá-lo.
Ele usou de toda sua força bruta para segurar os ferrões e jogar contra elas e até chegou a colocar fogo numa vespa e a jogou nas outras junto com a tocha e isso fez uma reação em cadeia formando uma parede de fogo.
O demônio Sajin já estava cansado e conseguiu a façanha de não ser envenenado, com apenas algumas ranhuras das patas das criaturas, um cheiro horrível do líquido vital delas e algumas queimaduras, ele voltou para a comunidade onde ficava e largou lá a relíquia que era esperada, um espelho dourado que abria portais para o outro mundo, o mundo dos humanos.
Só sabendo da existência de tal poder quando já estava nas mãos do seu contratante que ele pegou o dinheiro e foi se cuidar, mas uma duvida permaneceu em sua mente:”como seria o mundo real? Será que também eram agressivos daquela forma onde temos que ter cuidado a todo e qualquer momento?”
Meses se passaram até que pudesse se recuperar totalmente de tudo aquilo, e assim, Sajin foi até o mesmo homem que o contratara daquela vez e pediu um novo emprego, da qual foi aceito rapidamente para uma nova jornada, mas não era isso que ele queria realmente. Ele queria ir para o outro mundo.
Seguindo sorrateiramente o homem (conhecido por lá como Hanabi, o espadachim explosivo) até sua residência, o que só se tornou possível graças a uma transformação de seu próprio corpo em um ser diferente, que era magro e comprido e fazendo com que o homem não o reconhecesse. Assim que chegou até a casa de seu contratante, ele seguiu um outro caminho como apenas alguém que passava por ali e esperou o tempo passar, já que as missões custavam muito tempo para serem completadas e seria estranho ele já aparecer.
Transformando-se novamente em sua forma original, foi até a casa e não pensou duas vezes antes de arrombar a porta e procurar rapidamente pelo item que esperava encontrar. Sua estratégia era primária, e Hanabi apareceu com uma espada em chamas na frente dele, onde apenas riu e já foi atacando. Enquanto desviava com certa dificuldade do homem de olhos brancos, esbarrava de propósito na casa para danificá-la e poder receber seu item. A cada ataque, ele suspirava pela sua sorte de conseguir manter-se vivo e talvez por ser filho de um dos vermelhos. Dando as costas para o inimigo para ir atrás do item desejado, ele teve um pedaço da cauda cortada, onde explodiu
Não sabia ao certo como liberar os poderes daquele espelho, pois afinal, ele só sabia era brigar em sua vida. E foi isso que o fez procurar seu pai novamente, alguém daquela patente certamente saberia como utilizar os poderes de um mero espelho e possivelmente ele já teria visto o mundo dos humanos diversas vezes.
Correndo de tudo que o afligia naquele momento, chegando em sua antiga casa, agora, residência única e particular de seu pai. Entrando meio cansado, estava lá ele, sentado numa poltrona e bebendo algum vinho qualquer ou sangue de um ser que tivera o azar de ser sua presa apenas vendo a noite entrando pela janela.
Afobado, ele pergunta como conseguiria usar aquilo, e com um sorriso ele responde que o objeto era um item poderoso e deveria ser usado com cuidado, pois abria as dimensões. Ciente dos riscos, ele pede para o pai liberar para ele, que apenas estendendo a mão para ele, o espelho brilha e suga o demônio Sajin para dentro.
Quebrando-se logo em seguida.
Ele acabou por parar em uma torre enorme e vermelha, a grande Torre de Tokyo. Admirando o local, ele vê tudo ao redor, todas as lojas e residências humanas, os carros e os próprios humanos lá embaixo. Mas após alguns minutos de admiração, ele nota que não tem nada
Ele então joga-se do alto da torre e abre suas asas, que não serviam para voar, apenas para planar, pois seu peso era muito grande. E chegando quase em cima de uma casa, ele transforma-se num humano.
O telhado fora completamente arrebentado e houve um tremor no local, acordando a única pessoa que morava naquela casa, uma garota pequena de cabelo de duas cores que estava recém saindo do banho. Ele estava caído no chão dela com um monte de telhas por cima e por baixo de seu corpo, humano. Ela se desesperou e foi ver o que aconteceu com ele, estavam ambos pelados e ele recém caiu do céu. Impossível ser um ladrão pois ela morava no último andar de um apartamento de quatro andares.
Sajin acordou e já era dia, e estava numa cama de casal e a garota não estava por lá, podia-se apenas ver que um vulto passava de um cômodo a outro. Sentando-se na cama e colocando a mão na cabeça, ele tenta recordar o que ocorreu com ele até que a garota entra no quarto com um avental branco e dá para ele um prato com um cereal, não era uma coisa sofisticada, mas era rápido e tirava a fome.
Agradecendo pela refeição, eles têm uma conversa rápida até o momento em que ela tem que dar uma brusca saída para ir estudar. O nome dela era “Ai” que significava “amor” e era uma típica adolescente japonesa que saiu do campo para conseguir estudos e trabalho na área urbana. Ela ofereceu a ajuda dela para ele enquanto ele estivesse por ali e poderia ficar o tempo que fosse necessário.
Dois dias depois, ele já estava curado e tinha uma relação meio próxima da garota, talvez pelo fato dela morar sozinha e ter que estudar e trabalhar. Mas ele tinha que voltar, aquela falta que ele fez no mundo original dele já teria o efeito de um tranqüilizante ou um esquecimento ligeiro de seus atos, apenas teria que ter a atenção redobrada com o caso de Hanabi ter contratado alguém ou o próprio ir atrás dele. Mas como ele poderia voltar?
O demônio falou com a garota quando essa chegou em casa, e rindo um pouco, ela perguntou se ele era satanista, mas não sabia como responder, então ele com muitos argumentos para acalmá-la, resolveu se transformar em sua forma original. Claro que ele não coube dentro da casa dela, ficando um pouco apertado, e talvez isso fez com que abafasse o grito que ela soltou. Voltando em sua forma humana, agora com roupas rasgadas e alargadas (que eram de Ai), deixando ele semi-nu. Ela demora um pouco para se acostumar com aquilo tudo, até que eles passam a madrugada inteira discutindo todos os atos e como era o Makai. Ela pareceu convencida e disse que ia procurar alguns livros na biblioteca ou ir a algum computador público. Obviamente não existia nenhum livro sobre aquilo na biblioteca da escola dela, e então ela foi com ele numa manhã procurar na internet essas coisas. Alguns vizinhos viram os dois, e até brincaram com ela perguntando se o homem que a acompanhava era o namorado dela.
Como ela não tinha muito tempo, ensinou rápido para ele como se usava um computador e ele pesquisou a tarde toda (causando problemas financeiros para a garota que agora além de gastar com dois, gastava também com o uso do computador) e descobriu algo como um ritual.
Esperando por ela na frente do apartamento, ficou até de madrugada até que ela voltou do serviço e abriu a porta para ambos entrarem. E assim ele a ensinou como proceder ao ritual que o mandaria novamente para o local onde estava pela última vez no outro mundo.
Uma luz meio roxa e meio vermelha invadiu o apartamento e o corpo de Sajin começou a se despedaçar a tal ponto que foi tragado pelo pentagrama onde estava em cima.
Ai ficou um pouco triste pela ida do homem que estava junto dela por algum tempo significativo e foi o único amigo que ela tivera depois de tanto tempo, não que ela não tivesse no trabalho ou na escola em que cursava, mas não tinha laços tão fortes com aqueles que a rodeavam.
Estava novamente me sua casa e seu pai não estava lá. Ele então se transformou em sua forma original de Baphomet e saiu pela porta da frente da casa, em busca de um poder maior.
Ele continuou indo naquele local para conseguir emprego e via às vezes Hanabi, mas parecia que ele tinha esquecido o ocorrido (já que o espelho estava quebrado, que utilidade teria tirar a vida um ladrão pobre?) e os serviços seguiam normalmente.
Em um momento, um homem alto e forte chegou no recinto, usando apenas uma capa negra com pedras brancas que ficavam em uma espécie de ombreira. Ele tinha olhos completamente pretos e uma barba longa e procurava por algo. Sajin rapidamente se apronta para pegar o trabalho e o velho homem, porém ameaçador, diz para ele ir para o outro mundo e trazer a vida a alma de um padre que o causava muitos problemas. Dando apenas uma foice negra com uma lâmina que era curva como uma meia lua e o levando até um local reservado, ele libera um portal azul que o levava até o alto da torre de Tokyo novamente. Aquele local devia ser um ponto de encontro de dimensões.
O padre se chamava “Mateus” e era uma pessoa renomada que vivia ali por perto e o velho contou que era um homem com fortes poderes mágicos e talvez até divinos, mas eram só boatos, o importante era que o próprio não conseguiu dar um fim em Mateus.
Sajin pensa em ir na casa da garota, mas pensa melhor que não deveria criar laços com humanos. A busca durou em torno de oito dias, vivendo a base de sua forma carniceira comendo restou de animais, lixos espalhados pela cidade e algumas vezes de humanos pobres que viviam na jogados na calçada.
O padre Mateus Saint Guardian Jizou ficava numa catedral que fica próxima a escola de Ai. Como era noite, ele esperava que o padre estivesse em sua casa ou que fosse um daqueles que moram na igreja (coisa de cidade pequena, mas sempre tem um ou outro). Ele entrou por uma janela e deixou entrar a luz da noite, sua sombra no chão com a foice em mãos era um tanto quanto assustadora e então, se escondeu nas sombras, esperando pelo padre vir. Mas nada.
Ficando até de manhã, que foi quando entrou um homem muito parecido com o velho que o contratou, se não fosse pela batina e a falta de barba, até diria que era ele mesmo. Aquele com certeza era o alvo, e foi ai que Sajin saltou do segundo andar, caindo com força no chão e mostrando todo o seu tamanho e agressividade para assustar e talvez, acabar ali mesmo. Mas o homem não se amedrontou. Ele sacou um par de adagas que tinha o formato de uma cruz, e cravou na perna do demônio que o caçava. Com um sorriso, ele começou uma sequencia de ataques onde o monstro não pode revidar apenas defender com a arma que carregava. Aquelas faquinhas não eram tão fortes, mas causavam certa queimadura no local onde tocavam e Mateus era habilidoso com elas.
O jovem Akakotsu teve que jogar a arma nele para ter uma chance de fugir, onde virou um lobo, a primeira vez que se transformava naquilo, mantendo uma certa semelhança com a forma humana, para depois poder se transformar mais facilmente.
Pulando de casa em casa e correndo numa velocidade tremenda apesar das feridas, ele correu até a frente do colégio de Ai e chegando lá na frente, transformou-se me humano. Muitas pessoas gritaram ao ver um lobisomem virar um homem nu cheio de feridas adentrando numa escola. O pátio estava repleto de estudantes que o olhavam aterrorizados, pensando que era um assassino, mas quando caiu no chão, foi ouvido um grito e uma garota correu em socorro dele.
A garota que antes o tinha salvo, estava ali com ele novamente. Ela o deixou na enfermaria e assim que acabou a aula, ligou para o trabalho para dizer que iria faltar, e então o levou para casa com roupas que tivera que pedir a um colega.
Na casa dela, ela tratou dele novamente e fez regras, onde ele deveria avisar quando viesse e deu uma chave para ele poder entrar na casa dela para se refugiar quando não desse para contatá-la.
O padre purificou a foice e a destruiu, e agora estava atrás de um homem de cabelos escorridos para trás com uma cruz na testa, que foi o incidente que ele viu na televisão. Com uma gargalhada, ele afiou suas lâminas e começou uma caça ao caçador de padres.
Akahinkon Thanatos, Senhor da Morte
A humilde carroça de madeira suportava como conseguia a forte chuva, a mulher que estava deitada aos fundos, gritava de dor. Não teria como segurar, a criança iria nascer ali mesmo.
-Victor! VICTOR!!! ME AJUDE AQUI VICTOR, NOSSO FILHO IRÁ NASCER!!! – Seus gritos saíam audíveis, mesmo com tantas coisas ao redor prejudicando a audição do pobre camponês. – ME AJUDE VICTOR!
Seus gritos podiam ser escutados das mais profundas catacumbas. Era desesperador ver aquela mulher sentindo tanta dor, sentindo como se todas as forças estivessem distantes.
-Calma meu amor, eu já venho, vou trazer um médico! – E Victor se virou e correu para um local distante, a escuridão o engolia, e Rachel ficava ali, à mercê de sua própria sorte.
-Victor! Victor, não me abandone aqui! Victor!
Seus berros eram inúteis, o homem já havia fugido, havia corrido para um local distante, tentando fugir de sua própria consciência.
Dores agudas percorriam o corpo da mulher, sua visão começava a ficar turva, e o medo de morrer crescia constantemente dentro de seu coração.
-Senhor todo poderoso, não me abandone agora! Não me deixe em um momento desses! Me salve, me salve! Pegue meu filho, a alma dele, eu não me importo, pegue-o, mas me salve, por favor!
Lágrimas de desespero escorriam por seu rosto, ela não queria morrer, não podia morrer, tinha muito o que ver ainda, muito o que fazer ainda, não podia perder sua vida naquele local, para parir uma criança indesejada.
-Você não irá tirar minha vida, não fará isso comigo! – A mulher despejava socos em sua barriga, com o intuito de matar a criança, tudo em vão... ela olha para baixo, e começa a falar com uma voz assustadora. – Você o quer? Quer a alma do meu filho? Me deixe viver, e eu lhe entregarei ele. Me deixe viver!!!
O tempo parava, as gotas da chuva pareciam penduradas no ar, a mulher estava presa em seu desespero, em sua agonia. Isso não é um poder que qualquer um possa fazer... Michael estava ali. O senhor do inferno estava ali. Suas vestes pretas, cobertas por uma capa vermelho, luvas vermelhas e uma feição sarcástica. “Vim garantir o que vai ser meu” disse ele. Sua voz saía e adentrava o coração das pessoas, não a mente. Era como se centenas de pessoas falassem ao mesmo tempo.
-Me deixe viver e poderá levar meu filho, só me deixe sobreviver a isto!
-Pois bem, assim será feito. Sobreviverá a esta tempestade e ao parto em troca da alma de seu filho. Apenas... assine aqui. – Um velho pergaminho apareceu na mão do demônio.
-Mas... como vou assinar? – A mulher parecia estar confusa, não tinha tinta, nada...
-Eu não disse que você iria assinar, afinal, não pegarei a sua alma. – O demônio coloca sua mão em frente ao rosto de Rachel, que começa a adormecer devagar, até perder a consciência.
Quando ela acorda, já era dia, sangue estava por toda a carroça e vozes eram escutadas, berros e latidos de cachorros.
-RACHEL!!! RACHEL! RESPONDE, RACHEL!!! – Victor estava com um grupo de busca, cachorros e mais ou menos 15 homens formavam o grupo.
-VICTOR! ESTOU AQUI VICTOR! – Agora ela conseguia perceber melhor o cenário onde ela se encontrava, e solta um berro de terror, de medo, de remorso.
Victor e o grupo correm em direção a carruagem e quando o homem chega lá, se abraça nela. Os outros estavam parados, os cachorros começavam a latir e se enfurecer, então eles olham para a parede e vêem uma marca de sangue na madeira, um pentagrama, com palavras estranhas escritas. Sangue pintava a madeira e dava um ar macabro àquilo.
-Me desculpe Victor, me desculpe, eu... eu simplesmente... – A voz da mulher saía tremula. – Me desculpe, eu só não queria... O nosso filho, ele levou nosso filho, eu...
-Do que você está falando?! O que você fez Rachel? Onde está meu filho?!?! O QUE VOCÊ FEZ AQUI?!?! – O homem urrava para a mulher, ele não conseguia entender.
-Eu estava com medo... Achava que eu iria morrer... Eu me assustei tanto... E ele aceitou a minha proposta e apareceu do nada... Comecei a me sentir pesada e... – Ela parou de falar nesse momento. Se perdia na memória do dia anterior.
-Ele quem? Quem apareceu? De que proposta você está falando?! – Todos estavam perdidos, a mulher não falava coisa com coisa.
-O senhor do inferno... Michael... Foi ele, ele que levou nosso filho!
Todos que foram buscá-la estavam paralisados, não conseguiam pensar em nada, apenas escutavam a história que era contada nos mínimos detalhes pela mulher.
Após ela falar tudo, Victor se abraça nela e chora junto, ele conseguiu entender os sentimentos da companheira, mas o casal acaba não sendo bem visto pelos outros membros, que não queriam levar o mal deles para a cidade. Então, eles batem em ambos até desmaiarem e ateiam fogo na carroça, e deixaram os dois lá para morrerem cremados. A história não deveria se espalhar mais, não poderiam deixar que um caos acontecesse ali. O que eles não esperavam era que aquilo estava longe de acabar.
A pequena criança foi encontrada em uma pequena cesta na frente da igreja por uma freira que ia à floricultura comprar flores para o padre. Ela vê a cesta e já ia ignorar, mas escuta um pequeno choro.
Ao pegar o recém-nascido, ela vê um bilhete, onde estava escrito com sangue “Deixarei tomando conta dele por enquanto. Um dia voltarei para pegar o que é meu por direito.”. A freira não entende direito o que significava aquilo, mas ignorou, iria cuidar daquele bebê.
E assim o fez, o nome dado à criança foi Thanatos, e ele foi criado seguindo rigorosamente as leis da igreja católica. Era muito querido por toda a comunidade e adorava ajudar os outros.
Tentava fugir de brigas, mas elas acabavam encontrando o pobre coitado, que sempre saía como o culpado da história. A vida dele sempre foi muito boa, até seus quinze anos.
Thanatos saía para fazer compras para o bispo. Só precisava ir até o super mercado, mas a chuva caía forte nessa noite, e um estranho em roupas vermelhas o chamou em um beco. Ele prontamente foi para lá conversar, achava que o indivíduo precisava de alguma ajuda.
-Boa noite Thanatos, a quanto tempo não? – O homem olhava fixamente para o adolescente com um leve sorriso no rosto.
-Desculpe senhor, mas acho que não o conheço.
-Creio que você não vá se lembrar, afinal, era um recém-nascido naquela época. Mas agora, eu vim pegar o que é meu, como fora prometido por sua mãe.
As palavras do estranho entravam na cabeça de Thanatos, então ele conhecia sua mãe, sabia de alguma coisa sobre seus pais.
-O que tem minha mãe? Aonde ela está?! Me diga tudo que sabe!
-Não vim aqui responder perguntas, vim pegar o que é meu.
-O que é isso que você tanto fala? Responda! – Thanatos começava a se irritar com o homem, queria saber o que diachos estava acontecendo.
-Venha comigo, e vou lhe explicar tudo... – O homem começou a se aproximar de Thanatos e colocou sua mão na cabeça do garoto. A alma do mesmo sai do corpo. – Vou lhe explicar, como que sua alma é minha.
O garoto não sabia o que estava acontecendo, não sabia o que era aquela corrente em seu peito, não sabia o que era essa dificuldade de respirar, não sabia o que ele estava fazendo jogado no chão.
-O que você fez comigo?!?!?! – Thanatos estava aterrorizado, não fazia ideia do que estava acontecendo, e o homem começava a assustá-lo com suas atitudes e modo de falar.
-Fique quieto e me siga. Você não precisa fazer mais nada além de escutar, entendeu?
-S-sim, entendi... – Seu corpo parecia estar sendo esmagado, era uma sensação horrível.
-Pois bem... – O homem começava a caminhar pela pequena cidade enquanto era seguido por Thanatos. – Quinze anos atrás, um casal estava indo para a cidade, iriam ganhar um bebê. Creio que não precise dizer que são seus pais. Eles estavam indo para a cidade, mas chovia muito. Era uma noite como essa. Os cavalos já não conseguiam mais andar. Sua mãe gritou de dor, e seu pai correu para longe. Ela começou a prometer coisas aos céus, mas acho que ninguém a escutou, então ela olhou para mim e disse “me salve dessa tempestade que a alma de meu filho é sua”. Eu achei a oferta muito boa, e aceitei.
-Eu não acredito que isso tenha acontecido... Então onde está minha mãe?! Perguntarei isso para ela, não confio em tua palavra.
-Ela morreu no outro dia. Ela e teu pai, ambos foram cremados vivos. – Um sorriso começou a brotar no rosto de Michael.
-Mas... Você deveria ter deixado ela viva! Era isso que você prometeu!
-Prometi salvá-la da tempestade que caía, nunca foram tocados outros assuntos. Então garoto, creio que eu já tenha respondido tudo que queres saber, agora, sua alma é minha.
-Eu não prometi nada, não vou realizar promessas feita por outras pessoas, nem que essa seja minha mãe.
-Esta é sua resposta final? – O homem começava a sorrir de orelha a orelha.
-Sim, agora me deixe voltar, tenho mais coisas para fazer.
Gargalhadas eram soltas pelo visitante de vermelho, ele já esperava alguma coisa assim do garoto.
-Pois bem, se sua alma não será minha, não terá seu corpo.
O demônio começava a falar coisas inaudíveis, voltava para perto do corpo, e toca a cabeça do mesmo. A corrente no peito de Thanatos se quebra, este urra de dor, não sabia o que estava acontecendo.
-O que você está fazendo!?!? Vou voltar para meu corpo, saia da frente! – Thanatos começa a correr em direção ao seu corpo, mas é jogado longe por Michael.
-Já disse, não terás teu corpo. Agora, você verá você mesmo matando tudo que é mais querido para você, tudo que você ama, vai ser morto por você mesmo.
-Eu jamais faria uma coisa dessas! Jamais mataria alguém! – O adolescente tentava mudar o que estava acontecendo, não sabia do que o estranho falava, mas tinha a intuição de que não iria gostar.
-Eu sei que você sabe... Mas o seu corpo sabe disso?
Neste momento, o corpo do garoto se levantava. Seus olhos eram brancos, era um corpo vazio, irracional. Este sai correndo até uma loja que estava aberta na rua.
-Mas o que diach... – Mal terminava a frase e era interrompido pelo seu acompanhante.
-Não irá interferir, apenas observe e se desespere por não cumprir o contrato.
Gritos de dor começavam a ser escutados de dentro da loja, logo após o corpo de Thanatos sai de dentro segurando uma faca toda ensangüentada.
-Ele... ele mat... – O garoto não sabia o que dizer, não conseguia acreditar no que via, não conseguia acordar daquele pesadelo.
-Sim, aquela mulher está morta agora... aguarde e verá toda esta pequena cidade morta por suas mãos.
O garoto olhava, e via aquilo se repetindo de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e não poderia fazer nada, nada para impedir.
-Ok ok, pegue minha alma, apenas pare com a carnificina! Pare com as mortes!
-Hahahaha! Parar agora que começou a diversão? Claro que não vou fazer isso. Servirá de aviso prévio para você, para que saiba me obedecer.
O corpo do garoto já tinha percorrido toda a pequena cidade, quando se dirigiu para a igreja. A chuva contínua caía forte, suas roupas ensangüentadas lhe davam um ar macabro. Machucados percorriam seu corpo, machucados como cortes, arranhões, marcas de socos.
-Mas a freira, o padre, as crianças! Não posso deixar que ele mate todos eles!
-Não faça nada! – O homem parecia estar irritado, esbravejava as palavras de forma ríspida e direta.
-Não me importo com o que você quer, tenho que salvar eles!
Novos gritos começavam a ser escutados, gritos vindos do alto da igreja, grito de mulheres, gritos de desespero.
Ele correu o mais que pôde, mas os gritos eram incessantes, incansáveis, intermináveis. Ele adentra a igreja, a iluminação era feita pela lua e as estrelas, o som de trovoadas eram escutados, a chuva batia furiosamente contra as pedras. Ele começava a se aproximar do altar da igreja quando seu corpo aparece, os gritos haviam cessado.
-Você os matou?! Matou todos eles?!?! – Estava furioso e com medo de si mesmo. – Eu vou te matar, eu juro por Deus que eu te mato.
O corpo o olhava fixamente, sua faca inicial já havia sido trocada por uma espada, que também estava ensangüentada. Suas roupas tingidas de vermelho estavam rasgadas, cortes por todo o corpo. O corpo de Thanatos não conseguia sentir nada, era irracional, insensível, apenas matava o que aparecia em sua frente.
Thanatos corria até seu corpo, que tenta lhe dar uma espadada, ataque feito em vão. O garoto pula em cima do “inimigo”, segura uma de suas pernas e o arrasta até um dos bancos da igreja.
-Não me importa se é meu corpo ou não, tu vai pagar pelo que fez.
Thanatos o deita e quebra os braços do seu, uma vez, corpo. Coloca a cabeça do inimigo perto de um dos bancos, o levanta, e começa a bater o banco na cabeça.
-Deixe-me arrancar essas memórias de ti... Prometo que tu vai sentir toda a dor possível – Os olhos do garoto estavam tomados de raiva, de ódio, ele não conseguia ver mais nada, não conseguia pensar em mais nada. O inimigo já não se mexia mais, sua cabeça havia sido aberta, formando duas partes.
-Agora vou me acertar com o vermelhinho.
Seu passo era apressado, queria encontrar o causador de tudo aquilo logo.
-Então garoto, está pronto para me dar sua alma agora?
-Tente para ver você perdendo um braço. – Sua voz saía firme e confiante. – Você vai morrer pela morte dessas pessoas.
-Não vejo como criança, você só tem teus punhos e é mais fraco que eu.
-Não estou ligando pra eu ter apenas meus punhos, eu vou te matar, não importa o que aconteça.
-Quanta fibra... Pena que não mude nada.
Michael materializa em sua mão uma espada enorme, que começa a queimar, a chuva não conseguia apagar as chamas, a visão era bela, maravilhosa, Thanatos nunca tinha visto nada como aquilo antes.
-Mas... O que é você? – O garoto estava paralisado, seus olhos estavam parados, olhando atentamente para a lâmina flamejante do homem.
-Desculpe, creio que eu não tenha me apresentado direito, sou Michael Akahinkon, senhor do Inferno e da Morte, muito prazer.
Nisso, Thanatos só teve tempo de pular para o lado, Michael pulava em um ataque furioso, abrindo um buraco no chão onde o ataque fora acertado. O garoto mal se recuperava quando outro ataque vinha, ele rola para o lado e consegue desviar.
Pensava desesperadamente em como derrotar o homem, ele estava desarmado e não conseguia acompanhar a velocidade do mesmo. Precisava pensar no que fazer, em como enfrentar ele, quando dá conta de si mesmo, o inimigo estava parado na frente dele, com a espada levantada.
-Você me cansou garoto, agora morra de uma vez.
A mão do homem descia em um ataque, a lâmina estava em puro fogo, ele realmente queria matar o espírito, que não pode fazer mais nada além de erguer suas mãos em uma tentativa de se defender. Em um instante, o tempo parecia ter parado, o espírito sentia que ainda estava vivo. Olhos e punhos fechados e o braço levantado em cima da cabeça, a posição em que Thanatos se encontrava era ridícula, mas era o que o desespero e o medo lhe deram.
-Levante-se garoto, seu destino não é morrer agora, e creio que você também não queira.
A voz chegava distorcida e morta até seus ouvidos, mas ninguém estava lá, simplesmente não sabia de onde diachos vinha a voz.
-Já dissemos para se levantar, não temos muito tempo.
Novamente uma voz chegava do nada até os ouvidos do garoto, dessa vez parecia ser abafada por um elmo ou algo parecido, era ríspida e rude, de uma ignorância enorme.
-“Dissemos”? Afinal, vocês são quantos? E onde estão? Mostrem-se agora!
A voz saía trêmula e incerta, na verdade ele não sabia se realmente queria conhecer quem falava aquilo. Ele começa a se virar, procurava novamente, ele tinha que saber quem falava, talvez não quisesse, mas tinha que saber quem era. Quando ele se vira para trás, ele percebe três vultos. Um deles parecia um esqueleto, sem olhos, mas parecia encarar o jovem, parecia olhar para a alma dele, usava uma armadura com partes esverdeadas, muito bem trabalhada, de sua testa, saía um par de chifres. O segundo era enorme, olhos azuis, parecia um minotauro, também usava uma armadura, com detalhes em vermelho que pareciam pegar fogo. O último deles usava um elmo que cobria todo o seu rosto, uma espada com detalhes verdes, mas parecia que ela tinha acabado de sair da fornalha, que ela estava prestes a pegar fogo. Sua armadura parecia ser a mais completa, sendo repleta de espinhos, mas nada de detalhes, era lisa.
-“Nós” somos você. Ou a materialização da sua reiatsu. Nosso nome é [...].
-Como que é o seu nome?
-Entendo... Então você ainda não consegue ouvir nosso nome. Talvez depois que você se tornar um shinigami.
-Shinigami? Do que diachos vocês estão falando?
-Nós falaremos, mas depois. Nesse exato momento, aquele shinigami está tentando entrar aqui, dentro do seu mundo, do nosso mundo.
-E o que diachos vocês acham que eu posso fazer? Eu não tenho nada, e ele é muito mais forte!
-Você tem a nós! Estaremos lutando junto de ti, assim, ninguém jamais nos vencerá, só é preciso que você confie em nós, e se torne um shinigami, assim poderemos derrotar ele, e ficarmos poderosos.
-Não quero me tornar poderoso, vocês erraram o pulo.
-Errar o pulo? Isso aqui não é uma brincadeira garoto! Se você não fizer isso, todos morreremos!
-Calma, calma. Ele só está meio confuso.
-Eu estar confuso? Não são vocês que fazem parte de mim? Como vocês não estão confusos também? Não sou eu quem deveria mandar em vocês?!?!
-Isto aqui não é uma democracia garoto, não existe “eu mando e desmando”, um precisa do outro.
-Ele está certo, mas creio que isso não vá lhe convencer de nos ajudar.
-Claro que não, não tenho motivos para me juntar a vocês. – Depois de dito isso, o garoto se vira e começa a caminhar, não ficaria ali escutando aqueles loucos. – Tenho mais o que fazer do que ficar escutando vocês em uma tentativa de recrutamento, até mais.
-Pois bem... Você quer um motivo, lhe darei um. Você não quer... vingança?
Aquelas palavras fizeram o garoto parar. O estranho de elmo falava e o garoto estava parado, escutando, começava a pensar, começava a cogitar a possibilidade.
-Você não quer que ele sofra por ter matado todas aquelas pessoas? Não quer se vingar por tudo que ele fez?
-Eu... Eu não sei... O bispo não gostaria de...
-O bispo está morto, Michael o matou, ele não vai se importar. Eles têm o direito de serem vingados, mas sozinho você não conseguirá fazer nada, você precisa de nós, precisa da nossa força, assim como nós precisamos da sua.
-Ok... Me digam o que eu devo fazer.
Um sorriso brotava no rosto daqueles dois, provavelmente o de elmo também sorria, mas seu rosto continuava coberto, sendo impossível que se dissesse alguma coisa de sua feição.
-Você deve encontrar seu poder de shinigami. Iremos seguir ao seu lado, caso precise de nossos poderes.
-Tudo bem, aonde eu o encontro?
-Feche seus olhos e, quando a hora chegar, você poderá se tornar um shinigami. Tente sobreviver até lá.
O garoto não entende muito bem, mas acaba seguindo o que os três falaram. Ele fecha seus olhos e, em questão de segundos, sente novamente a chuva em sua pele. Ao abri-los, ele percebe que havia voltado ao mundo dos humanos, e que ele havia sido protegido. Sua defensora era linda, suas roupas não davam uma visão onde pudesse ser muito bem analisado o corpo, mas seus cabelos castanhos e seu belo rosto fizeram com que Thanatos esquecesse do seu inimigo e do perigo que corria, mas ele acabou sendo acordado do transe em que estava por um berro.
-O que você está fazendo?! Corra para longe daqui, dele cuido eu!
O homem de vermelho e a garota cruzavam espadas, o fogo crepitava pela espada do homem de capuz, enquanto pequenos raios iam se formando pela espada da garota.
-Desculpe moça, mas eu não posso sair daqui...
-Como assim não pode sair daqui?! VOCÊ NÃO SÓ PODE, COMO VAI SAIR DAQUI!
-Quero ver você fazer isso.
Uma risada é escutada, o homem de capa vermelha deveria estar achando engraçada a situação atual de ambos. Nesse momento de distração de ambos, o homem de vermelho simplesmente desapareceu, e um grande circulo de fogo cercou ambos.
-Agora vocês morrerão. Que pena Thanatos, você tinha bastante potencial.
-Desculpe Michael, mas eu fiz uma promessa pra mim mesmo, não posso morrer antes de cumpri-la.
-Uma promessa? Não me faça rir garoto, o que uma promessa sua iria mudar? Você não pode fazer nada, e vai morrer agora.
Nisso, o circulo começa a se fechar, e uma rajada de fogo vai em direção a Thanatos, que não consegue fazer nada a não ser olhar parado para o ataque, que é aparado pela shinigami, que é arremessada para longe.
-Garoto estúpido, eu disse para você sair!
-Como se eu fosse te deixar aqui sozinha contra ele.
-Mas você só está me atrapalhando!!!
-Foda-se, já disse que não vou sair daqui.
-Garoto teimoso... mas tudo bem, vou lhe ajudar a sobreviver.
A garota ergue sua espada para cima, e inúmeros raios descem dos céus, cercando ela e Thanatos, como se estivessem presos por uma caixa de eletricidade pura. Ela vira sua espada para ele, agora esta estava normal.
-Atravesse-a, assim ganhará poderes de um shinigami temporariamente, podendo me ajudar a enfrentá-lo.
-Atravessar isso por onde? Não sou louco garota, não quero morrer.
-Só assim você conseguirá poderes de um shinigami. Ou é isso ou é a morte, escolha, mas faça isso rapidamente, não temos muito tempo.
-Já disse, não vou atravessar.
-Então você não me deixa outra escolha.
A garota corre em direção a Thanatos, que sem chances de reação, acaba sendo acertado pelo cabo da espada, bem em sua testa. Uma estranha luz começa a envolvê-lo, e este se desespera.
-Que merda é essa que tu fez!? O QUE TU FEZ COMIGO?!?!
-Você está sendo levado para a Soul Society, lá começará uma nova vida.
-Como assim? Não posso sair daqui, tenho que mata-lo!
-Eu lhe prometo que você poderá fazê-lo, mas por favor, vá, antes que você morra.
-Mas... Eu vou vê-la de novo?
-Provavelmente vá.
-Mas como vou te encontrar?
-Eu te encontro, você só precisa esperar.
A visão do garoto escurece e ele perde os sentidos, não sabia mais o que estava acontecendo com ele, a única coisa que continuava em sua cabeça, ocupando sua mente, era o rosto de sua salvadora.
Seus olhos rondavam o local, algumas árvores, um chão de areia e casebres pobres. As pessoas andavam com roupas esfarrapadas, pobres coitados.
Todos o olhavam com um olhar duvidoso, não espantado ou surpreso, mas duvidoso, desconfiado. Suas roupas ainda estavam manchadas de sangue, apesar de ele já ter secado.
Thanatos tentou perguntar para algumas pessoas aonde estava, mas acabou sendo ignorado pelos moradores. Ele então decide entrar em um barzinho, de onde vinham sons de movimentação. Lá entrando, ele percebe vários homens, todos muito altos e musculosos, cicatrizes percorriam seus rostos, espadas e machados pendurados em suas cinturas.
Todos começam a encará-lo e, quando ele pergunta que lugar era aquele onde estava, soltaram altas gargalhadas, deixando-o meio constrangido.
-Do que vocês estão rindo? Não sou palhaço, pedi uma informação, tentem ter alguma educação e me respondam, bando de marginais.
As gargalhadas cessaram no mesmo instante. Todos olhavam enraivecidos para o garoto, este pára e percebe o erro que fez. Os homens começam a se levantar e a puxar espadas e machados. Thanatos vê os movimentos e começa a dar passos para trás.
-Bem, acho que vocês não podem me ajudar, então eu vou indo...
-Vai sair agora? Mas nós temos muitas coisas para conversar agora.
-Ah... Temos?
-Sim, temos. Nós andamos precisando de trabalhadores, sabia?
-Não sabia não, mas creio que vocês não gostariam de me ver trabalhando, eu costumo suar muito... – O garoto ia caminhando para trás, mas acabava se encurralando no canto do pequeno bar.
-Isso não vai ser um problema, ninguém vai te ver enquanto trabalha.
-Já aviso que sou hétero e não estou gostando dessa história de ninguém me ver trabalhando.
-Agora virou piadista, é?
-Estou tentando reverter a minha situação, nada de anormal...
-Sua situação não vai ser revertida com tanta facilidade assim.
-Eu sou esforçado, mas se palavras não forem suficientes vou pensar em alguma outra coisa.
-Outra coisa? Você está sozinho e desarmado, o que você iria fazer?
-Porra, acabei de dizer que vou pensar em alguma outra coisa!
-Já ta irritadinho?
-Tua voz não me agrada muito.
-Acha que sou algum palhaço, é?
-Não, palhaços me fazem rir com piadas e brincadeiras, não com coisas ditas sem sentido e demonstrações de burrice aguda.
-Agora você me tirou do sério, e vai morrer.
-Tenta a sorte, se tiver coragem.
-Não disse que iria pensar em alguma outra coisa?
-Não precisei, você é estúpido demais.
-Mas eu comando um grupo de 20 homens, e você está sozinho e encurralado.
-Se for preciso, vou matar vocês todos.
Nisso uma espada voava em direção ao garoto, que se abaixa, desviando em um movimento de reflexo.
-Viu? Agora já estou armado.
-Matem-no...
Todos os homens deram uma risada, e começaram a avançar no garoto. Ataques eram desferidos por todos os lados, sendo todos defendidos ou desviados, o máximo que aconteceu foi sua roupa ter sido rasgada. O garoto revidava e conseguia acertar o braço de vários deles, fazendo-os largar as espadas. Thanatos pega alguma outra espada jogada no chão e usa uma delas para se defender enquanto a outra seria usada para ataques.
Ele começa a se mover para perto da porta ao mesmo tempo em que desviava e se defendia dos ataques, mas começava a ficar cansado, e alguns dos ataques começavam a acertá-lo. Chegando à porta, por não precisar puxá-la ou empurrá-la, consegue sair do barzinho, e começa a correr para longe, durante toda a noite, encontra uma árvore no caminho, sobe nela, e usa um de seus grandes galhos como cama, onde poderia descansar.
Quando Thanatos acordou o dia já havia começado há muito tempo, o Sol estava alto no céu, devia ser perto do meio dia. Ele olha para os lados e vê que não havia ninguém, então ele desce da árvore e sente uma pequena dos nas pernas e braços.
-É mesmo, a briga de ontem à noite... Melhor eu tomar mais cuidado com o que e com quem eu falo, as pessoas parecem ser bem agressivas por aqui.
Ele olha para os lados novamente, pega as duas espadas e faz bainhas provisórias para ambas.
-Vamos andando, talvez eu encontre alguém com quem eu possa fazer perguntas sem temer.
O garoto havia caminhado o dia inteiro, suas pernas já estavam cansadas, pequenos corvos seguiam-no, aparentemente atraídos pelos ferimentos abertos. A noite já havia chegado quando ele chega novamente em uma vila, depois de já ter passado por muitas, mas esta tinha algo de especial, um grande muro, que parecia cobrir ou guardar uma outra cidade.
Ele anda pelos becos, se escondendo das pessoas, não querendo assustá-las. Quando uma criança passava correndo, ele a puxa pela gola, levando-a para o beco aonde ele se encontrava, a criança começava a lançar um grito quando tem sua boca tapada pela mão de Thanatos.
-Não grita, caralho! Só quero te perguntar umas coisas, ando meio perdido e não entendo como funcionam as coisas por aqui. Vai ficar quietinho e me ajudar? – Ele começava a destapar a boca da criança enquanto esta acenava com a cabeça positivamente. – Que bom, finalmente alguém pra me responder o que eu tenho pra perguntar. Então, primeiro... Aonde eu posso tomar um banho?
A criança esboçou um leve sorriso e levou Thanatos até a sua casa, aonde ele foi muito bem atendido e teve todas as suas perguntas respondidas. Após algumas horas de conversa e de comida, ele finalmente acaba com todas as suas dúvidas.
-Academia shinigami é? Talvez eu encontre-a lá... Mas não quero isso agora, tenho que pagar a vocês pela generosidade, além de que, ela disse que me encontraria, então eu vou simplesmente esperar... – Seus olhos começaram a encarar o chão, parecia vagar em pensamentos distantes.
-Você parece estar cansado, durma aqui esta noite, você poderá pensar melhor sobre tudo de manhã cedo, então veremos o que vamos fazer com você.
-Ah... Obrigado, eu acho...
Ele é guiado pela dona da pequena casa até um quartinho. Uma cama estava sobre o chão, com um travesseiro e uma coberta.
-Espero que você não se importe com a simplicidade, mas é o que nós podemos lhe oferecer no momento.
Thanatos se vira e vê uma garota de mais ou menos 17 anos, era de uma estatura baixa apesar de suas outras proporções serem um tanto grandes, pesava mais ou menos 50 kg bem divididos em 1 metro e 60 centímetros. Thanatos se achou vislumbrando a garota de cabelos castanhos e olhos de mesma cor.
-Não, capaz, é mais do que eu mereço. Está ótimo. Mas... o que você está fazendo aqui?
-Ah, é que meu pai me mandou aqui para cuidar de seus ferimentos.
-Não é necessário, eles já estão melhorando, olha só... – Ele retira a camisa que recebeu para usar e mostra seus ferimentos, que agora começavam a infeccionar. – Ou talvez seja melhor cuidar disso aqui mesmo...
A garota sai para buscar alguns aparatos para cuidar do visitante. Quando ela volta, ele já estava dormindo, sem camisa, mas perdido em profundos sonhos. A garota se aproxima dele e, com o rosto corado, começa a cuidar de seus ferimentos.
Ele acorda meio dolorido e vai se juntar com o senhor da casa para definir o que seria feito com ele. Após algumas horas conversando, Thanatos fazia parte da nova família, que iriam abrir uma forjaria para tentar melhorar sua posição social atual.
Thanatos, por ser o filho homem mais velho e o com mais capacidade, fora encarregado de buscar lenha, e ele ficou nessa tarefa durante dois longos anos, de manhã cedo ele ia cortar as árvores, e lá ficava o dia inteiro, até que, à noite, ele voltava carregando toda a lenha em uma lona, presa a uma corda, aonde ele segurava para carregar toda a lenha, e isso se repetia diariamente, sem descansos.
Após dois anos fazendo isso, seu agora pai chamou-o, dizendo que ele começaria a ajudar a forjar as armas. Thanatos se animou muito, aprenderia tudo sobre espadas, coisa que começou a lhe chamar a atenção após ver todos os processos para a sua fabricação. Ele sempre arrumava um tempo, de duas a quatro horas por dia, para praticar a arte com a espada, com ambas as mãos e utilizando qualquer tipo de arma branca. E nisso ele ficou mais 3 longos anos.
Após todo este tempo, Thanatos havia percebido que ele não estava satisfeito naquele lugar, e que ele precisava de algo a mais. E, em uma noite, ele chamou seu pai para lhe contar sobre a decisão que ele havia tomado.
-Mas... Tem certeza de que é isso que você quer?
-Sim , tenho. Além do mais, vou aproveitar para procurar a garota que me salvou, já vi que ela não cumprirá com a palavra dela.
-Não julgue as pessoas dessa maneira, talvez ela esteja muito ocupada com algo, ou talvez ela nem tenha saído viva da batalha.
-Não me importo, ela prometeu, ela devia dar sua vida para cumprir isso. Não vou mudar minha opinião, vou me tornar um shinigami.
-Creio que não há nada que eu possa fazer para impedi-lo... Então só posso dizer “boa sorte, espero que você consiga o que você quer”.
-Conseguirei, prometo-lhe isso.
-Não deve me prometer nada, afinal, estás fazendo isso para ti mesmo.
-Prometo para mim e para o mundo, todos irão ver no que me tornarei.
-Só espero que não faça loucuras para que os outros vejam no que você irá se tornar...
-Estou disposto a tudo por isso. Bem, vou indo, tenho muito que fazer.
Thanatos se abraça o homem, se despede mais uma vez, e depois segue rumo à Seireitei, aonde se tornaria um shinigami.
Thanatos adentra o local e vê várias pessoas, todas muito bem vestidas, todos tentando ser shinigamis. Ele rapidamente foi encaminhado para o seu dormitório e, no outro dia, começou seus estudos.
Apesar da sua grande habilidade no combate corpo-a-corpo, Thanatos não conseguia controlar sua reiatsu, fazendo-o ser simplesmente horrível em kidous. Sua primeira tentativa de se tornar um shinigami tinha sido falha, a desculpa usada fora que seus kidous eram muito prematuros e perigosos para serem levados até a defesa da seireitei.
Thanatos ficou enfurecido, sabia que aquilo era besteira, e que kidous eram para fracos e bichinhas que não conseguiam se garantir em um combate corpo-a-corpo. Mas não havia nada que ele podia fazer, apenas se inscrever novamente e ir refazer seus estudos na academia, e isso se repetiu por várias e várias vezes. Ele havia ficado vários e vários anos lá, sempre sendo reprovado pela sua pequena capacidade em kidous.
Em uma de suas tentativas, Thanatos estava no treino do combate corpo-a-corpo quando teve que enfrentar um homem meio estranho, na sua visão, parecia se achar superior a todos. A luta não havia sido demorada nem difícil, foi preciso um ataque para que o garoto fosse ao chão. Ele quis mais uma vez, e mais uma vez ele foi ao chão. Thanatos havia gostado, apesar de tudo, do garoto. Ele era persistente e competitivo, tudo que Thanatos precisava para se divertir com alguém. O problema foi quando a disputa foi levada até os kidous, área que havia reprovado Thanatos tantas vezes antes. Uma rivalidade estava sendo criada entre Thanatos e este tal de Kaminari. No meio disso tudo, um outro personagem apareceu, Saikou, que se divertia vendo os dois disputando, e acabou se juntando a Thanatos e Kaminari, formando então a Sanmi Ittai.
Após um tempo, com tanta persistência, Thanatos finalmente fora aceito como shinigami, junto de Kaminari e Saikou, pela qual ele tinha um grande respeito e admiração.
Ele fora rapidamente encaminhado para a 11ª Bantai, a linha de frente, grupo de guerreiros. Lá ele aprendeu várias e várias coisas, sempre treinando e lutando com seus companheiros, para descontrair durante uma missão ou por alguma discussão idiota.
Após muitos anos, Thanatos estava sentado junto de Saikou e Kaminari, quando seu “rival” dá a notícia aos dois de que ele havia sido aceito para o teste de taichou. O antigo garoto, agora com um rosto de um homem de aproximadamente 20 anos, dá um pulo, dizendo que duvidava do companheiro, e começando uma luta ali mesmo, mas no fundo ele sabia que era verdade, sabia que estava ficando para trás novamente.
Após algum tempo, Kaminari foi encaminhado para ser um capitão assim como Saikou, e Thanatos continuava como um shinigami no terceiro posto, apenas com sua Shikai.
Ele então resolve sair em “férias”, aonde ele treinaria para adquirir bankai e conseguir se tornar um Taichou, e alcançar seus dois amigos. Ele viajou para longe, em um lugar desabitado, onde as únicas coisas visíveis eram pedras, pedras e mais pedras.
Thanatos ficou lá treinando durante alguns meses, até que finalmente conseguiu a tão visada Bankai, o nível máximo de poder para um shinigami.
Antes de voltar para a Seireitei para tentar se tornar um taichou, Thanatos vai para a antiga casa aonde morava, mostrar à sua antiga família o que havia se tornado.
-Pessoal? Tem alguém aqui?
A forjaria parecia estar vazia, o eco das palavras dele retumbavam por todo o local até voltar para seus ouvidos. Não havia iluminação no local, a não ser alguns raios de sol que entravam pela porta e alguns outros que conseguiam atravessar o teto de palha.
Ele anda mais um pouco e não vê ninguém, sai e pergunta para alguns vizinhos o que havia acontecido ali, todos lhe dizem que a família inteira havia sido morta por um homem de vermelho que logo depois havia ido para a Seireitei.
“Michael, seu maldito... Agora sim você vai encontrar a sua morte.”
Ele corre para a Seireitei, e começa a perguntar para todos sobre esse homem de vermelho, descobrindo que ele havia se tornado capitão do décimo primeiro esquadrão, da qual Thanatos participava.
Ele espera o dia começar, e espera perto de um local aberto pelo novo capitão.
Quando Michael passa por ele, não o reconhece, afinal ele havia mudado muito durante esse tempo todo.
-Michael!
O homem com a capa branca para e se vira para o shinigami, olha fundo em seus olhos.
-Ora ora, se não é o pequeno Thanatos. Como você cresceu!
-Não me venha com isso agora, me diga, o que aconteceu com a shinigami daquela noite?!
-Aquela mulher? Foi morta, mas não antes de eu brincar com ela. Ela gemeu como uma vadia, parecia estar adorando... Você sabia que ela era virgem?
-Foi você que matou a minha família?
-AHAHAHAHAHA!!! – Sua gargalhada era alta e louca. – Sim, sim, eu matei todos, toda a sua família, eu matei todos eles!
-Eu deixo você viver, é só me dar o seu cargo de taichou e pedir perdão por tudo que você fez...
-Eu? Pedir perdão? Já lhe derrotei uma vez, não vai ser difícil fazer isso de novo!
-Essa é a sua última chance, ou você morre, ou faz o que eu lhe pedi. Não sou o mesmo daquela noite, não confunda as coisas. Então, o que vai ser?
-Vamos lutar então, garoto.
-Eu vou te matar... Vou arrancar a tua cabeça a portadas, enquanto eu escuto os teus gritos de agonia e dor, daí estaremos quites. – Ele fala isso e saca suas duas espadas. – Inflame, Taigun...
Ambas se transformam e começas a queimar em um fogo ardente.
-Que Deus tenha piedade de tua alma, Michael...
Thanatos pula em um ataque enfurecido, atacando o homem com suas espadas de ambos os lados, sendo ambos defendidos pelo homem. A espada do mesmo também é liberada.
Este levanta sua espada e, com a guarda da espada, separa as espadas de Thanatos, fazendo-o recuar alguns passos.
-Já vi que você não vai morrer quieto, mas eu não estou com saco para brincar contigo. Traga a punição pelo fogo, Taigun!
Thanatos avança para cima do homem com as duas espadas, e o homem se defende novamente, mas repara que as espadas voltaram ao normal.
-Você devia prestar mais a atenção no seu inimigo, não fique achando que a batalha está ganha. Você está apenas com Shikai, o que faria contra a minha Bankai?
-Você disse... Bankai? – Os olho de Michael se esbugalharam, agora estava assustado, com medo, ele tenta fazer o mesmo movimento, mas é parado por Thanatos.
-Vou levar o seu braço comigo dessa vez.
Nisso o anjo negro de Thanatos arranca o braço com que Michael segurava sua espada, fazendo-o urrar de dor. O anjo negro então segura Michael pela sua cabeça enquanto Thanatos se afastava e ficava parado, olhando para ele.
-Senhor do Inferno... Puff, você ainda não sabe o que é o verdadeiro inferno. Bem vindo, ao meu mundo.
Uma onda de calor começa a ser criada no local aonde Michael estava, este começa a alucinar, ver demônios e monstros, pessoas decepadas, e sua pele começa a queimar, ficando em carne viva.
Seus gritos eram escutados por toda a Seireitei, toda a 11ª bantai estava presente, olhando para o terror em que o capitão deles se encontrava. Thanatos volta a caminhar em direção a Michael, desfazendo sua Bankai.
-Por que você não me matou ainda?! Por que você continua me torturando dessa maneira?!?!?!
-Para você sentir uma pequena parte do que você me fez passar.
Thanatos pega ele por um de seus braços e começa a arrastá-lo para perto de uma porta que levava para fora do esquadrão.
Ele lentamente abre a porta com uma das mãos, com a outra ele segura a cabeça do inimigo.
-Por favor, por favor... Eu me arrependo, perdão pelas coisas que eu fiz, me perdoe, mas não me mate, não me faça sofrer mais!
-Desculpe, eu dei a minha palavra.
Portadas começavam a ser desferidas, a cada vez o homem gritava mais e mais, seus berros de agonia podiam ser ouvidos por toda a Seireitei, todos escutavam seus urros de dor, que cessaram quando Thanatos arrancou sua cabeça com a porta.
Ele lentamente pega a capa de capitão e a coloca, guarda suas espadas e vai caminhando lentamente em direção ao seu yutori. Ele para e olha para todos os shinigamis, todos encarando-o.
-Que todos aqui saibam que eu sou o novo capitão daqui, quem não gostar de alguma atitude, que me diga, mas que espere por esse mesmo destino. Sou Akahinkon Thanatos, o Deus da Morte, muito prazer.