Como posso me apresentar? Provavelmente já tive muitos nomes e apelidos. É, muitos. Meu nome original era Akira Ryukan. Contarei aqui, como perdi esse nome e adquiri o atual, Shougai Linus, ou apenas Linus, como todos realmente me chamam. Minha história é um pouco conturbada e cheia de decisões incertas e talvez, para alguns, incorretas; imaturas. Mas foi através dela que eu trilhei meu caminho e confesso que não me arrependo.
Há muito anos atrás – falo em média de 15, 18 anos ao menos – eu vivia em uma casa aconchegante. Não muito grande, mas o suficiente para dar o conforto que eu precisava. Confesso, não era nada de mais e eu fui descobrindo aos poucos a infelicidade. Meu pai era um viciado em trabalho. Não o culpo, afinal, o desaparecimento misterioso de minha mãe só o fez cair ainda mais naquele mundo louco e desgastante. Se eu tinha um amigo, era apenas o meu cão, que já não lembro mais o nome e que veio infelizmente a falecer faz algum tempo. Nada contra ele trabalhar, mas ele fazia isso sem necessidade. Tudo bem, éramos uma família “feliz”, mas o choque psicológico que ele teve quando minha mãe simplesmente se foi, fora tremendo. O quarto dela, por exemplo, acho que está trancado até hoje, afinal, não o vejo faz longos anos.
Até um tempo tudo aquilo foi ficando insuportável. Agora eu não necessito tanto, mas geralmente toda criança queria um pouco de atenção. Sendo eu um largado em minha própria casa, a mercê do desconhecido – pois afinal, ainda era pequeno, cerca de cinco ou seis anos – não foi difícil me virar sozinho. Afirmo que ganhei minha independência cedo e que isso pode ser um ponto ruim na vida de qualquer garoto, pois é realmente dessa forma o mundo real te atinge. Eu apenas o descobri cedo demais.
Bem, já é possível notar que meu pai não me dava muita atenção, e depois de um tempo eu não clamava mais por isso. Ficava no meu canto, assistindo os programas inúteis da TV e comendo minha comida travosa, que pra mim estava uma maravilha, uma vez produzidas pelas minhas pequenas e não tão inocentes mãos. Só que todos, acreditem, todos, até uma criança de seis anos, tem seu limite. Comigo não fora diferente. Ver meu pai falando que toda vez que me via, lembrava o ódio e a dor de ver em minha mãe, foi o ápice.
Ah, minha mãe. Tez bem branca, olhos azuis e cabelos ruivos. Herdei a cor da pele e dos olhos, contudo meu cabelo fora perdendo a vitalidade do vermelho, sobrando apenas algumas mechas. Maldita genética. Até hoje não sei o motivo de seu desaparecimento, concordo que tenho vontade de conhecê-la novamente, afinal, deve estar mudada, outra mulher. Isso, porém, não muda meu estado de felicidade atual. Mas voltando ao assunto que realmente interessa, acabei por fugir de casa. E eu acho, essa foi a escolha mais correta da minha vida.
Seis anos, coloquei pela primeira vez os pés naquele chão, ora arenoso, ora cimentado. Irregular e por vezes único. Medo, euforia. Indescritível. Meus olhos azuis se abriam em dois orbes grandes e assustados, penetrando naquele mar de gente e os ouvidos chegavam a doer, sensíveis aos gritos dos comerciantes, vendedores. O triste nisso é quando você perde o equilíbrio das coisas. Aos poucos o medo foi se sobrepondo a toda aquela emoção contínua. Eu estava só novamente, porém, livre dessa vez. Bati no peito, respirei fundo e dei o primeiro passo. Alguns dias depois, fiquei sabendo por alguns boatos que meu pai tinha subido de vida, arranjado algo melhor para viver e uma nova mulher. Sobre mim, porém, nada dito.
Acostumei-me com a idéia de que agora era apenas eu. E isso foi muito difícil. Broncas, surras e pancadas violentas de me deixar com o olho roxo, até chegar à perfeição de roubar aquela maça ou pêra para servir de alimento. Era o único jeito. Agradeço isso por sinal, meu corpo e pele se tornaram resistentes, ainda mais depois dos treinos do exército – calma, ainda vou chegar lá. Não demorou para que eu começasse a criar alguma amizades e eu vi que minha situação poderia ser mais comum do que pensava, mesmo que chegássemos ali por diferentes conseqüências. A questão é que agora, eu não era mais Akira Ryukan. Lembrei-me do meu cão. Tão humilde e miserável. Às vezes os animais têm tanto haver conosco, suas condições, sentimentos e até a fúria embutida em uma face doce. Pode parecer meio banal, mas acabei adotando seu nome: Linus.
Seguiram-se mais alguns meses naquela situação, mas você tem de saber que para a sociedade, seu estado muitas vezes não importa. Pode ser rico dos maiores bens já visto, mas se ninguém souber e você acabar por ser confundido com um mendigo ou criminoso, não existe escapatória. Cada um dos meus “amigos” era de famílias prósperas. Não tinham muitos objetivos, mas assim como eu, faltava-lhes o amor. No fim, cada um pereceu. Morreram, ou foram capturados. Eu era um deles, sim. Mas não queria ir no mesmo destino, e talvez o próprio tenha sido um tanto solidário.
Fazia um sol filho da mãe. Não sabia que horas eram. A barriga roncava e os lábios estavam secos. Um dia e meio sem nenhuma alimentação, sério, eu estava um trapo. Lembro-me vagamente deste dia e por isso conto com poucos detalhes. Avistei uma casa ao longe, com tantas outras do lado, eu não quis saber. Era teimoso, eu vi aquela e vai ser aquela. Subi os pequenos degraus de uma escada de madeira desgastada e já desbotada pelo tempo. E com as ultimas forças que podia ter, bati à porta. A ultima imagem que me lembro fora de uma garota. Olhos escuros e cabelos curtos, castanho claro. Pele branca e tão... Frágil. Os olhos com certa curiosidade e alguém do seu lado. Uma mulher muito importante em minha vida, diga-se de passagem. Sem forças, acabei por apagar ali mesmo, só acordando tempos depois em uma cama. O que estaria acontecendo?
Ah, acabo-me de lembrar. O cheiro de comida gostosa. Sim, sim o cheiro indescritível do peixe e do arroz. Não sabia se era a fome ou alguma coisa relacionada com um provável dom, mas agora não importava. A comida se aproximava. Quando finalmente apareceu, a senhora idosa também veio junto com a garotinha. Meus olhos se fixaram nela por um tempo, exibindo um leve sorriso de canto de boca. Recebi o peixe e o arroz e logo em seguida, das mãos da menina o suco. Ajeitei-me por ali mesmo e não fiz cerimônia, tratando logo de devorar aquilo tudo. Realmente, como um animal. O sabor era único, afinal, aquilo era manjar dos Deuses comparado à minha comida. Até hoje, é minha comida predileta. Estava tão concentrado naquele momento, que mal percebi que a garota acabou descendo e que eu estava ali, sozinho novamente, contudo, sentia no ínfimo do meu ser que aquela seria a última vez.
Bom, daqui em diante posso dizer que minha vida melhorou significativamente. Desenvolvi o gosto pela leitura, mas o fazia sempre escondido dos outros. Vez ou outra apenas Amaterasu sabia de minhas empreitadas fantasiosas. Contribuiu para melhorar minha leitura e compreensão das coisas. Descobri também que estava em um orfanato e que algum dia eu poderia sair dali com outras pessoas, mas no fundo não me importaria de viver ali pra sempre mesmo que isso fosse impossível. A senhora que cuidava de nós já tinha certa idade e então, quanto mais velha, as coisas complicavam. Isso fazia crescer uma pequena preocupação em mim, mas era rapidamente esquecida.
Vale dizer que eu também não era muito sociável, apenas conversava com três pessoas. Sim, três: Amaterasu, a senhora que cuidava do orfanato e... Tsukihime. Tsukihime era outra criança intrigante do local. Vivia sempre com Amaterasu e cuidava bem da mesma. Isso dava um tanto de inveja e às vezes me fazia ficar novamente pensativo nos rumos que eu tomei, mas por sorte foi passageiro. Descobri um tempo mais tarde que as duas eram irmãs de sangue. Isso ocorreu à medida que comecei a me enturmar com as duas. Tsukihime era de um perfil muito mais calmo e controlado. Amaterasu começou assim, mas não durou muito tempo. Os tempos foram muito bons, brincadeiras, risos, broncas e brigas. Sim, eu era o mais cobrado dali, pois vivia brigando e arranjando confusão. Se eu parar para analisar desse modo, fica evidente que eu tinha aquela afinidade megalomaníaca para arranjar confusão e não perdia uma boa briga. Ao mesmo tempo, Amaterasu começava a se dedicar na cozinha, e eu desde cedo já achava que era esse seu real dom. Começou a ajudar também a senhora do orfanato na organização e comando do “quartel”. Tsukihime por sua vez era uma excelente tocadora de piano. Compunha e tocava musicas melodiosas e tocantes. Era simplesmente maravilhoso sentar no humilde carpete da sala e ficar horas escutando nota por nota compor uma linda canção.
Minha época de ouro, aposto que você já teve a sua. Parecia, todavia, que o destino estava vindo cobrar seu favor, e eu achei isso injusto demais. Mas tudo tem um propósito nessa medíocre vida, pelo menos é o que eu acredito. Os anos foram se passando e eu fui construindo meus valores e amadurecendo minha mentalidade. Compartilhava mais coisas com minhas praticamente irmãs naquele lugar e mesmo com ela, sentia que o circulo ia fechando. Os outros garotos e garotas começaram a ir embora. Um casal vinha, escolhia a dedo – novamente a questão dos animais, meros animais, com apenas um diferencial, a promessa de uma vida melhor e com todos os atributos benéficos que podiam ter. E então a linha se seguiu, até que chegamos a ficar praticamente só nós três no local. Alguns poucos se recusavam a sair. Aquilo me deixou mal com a possibilidade de ocorrer com um de nós.
Lembrei-me agora de um fato isolado que aconteceu com Amaterasu. Conversa vai e vem e o assunto recaiu em meu passado. Não só no meu, mas por enquanto vamos focar nisso. Eu fiquei receoso em dizer, não queria. Relembrar de tudo aquilo não era bom. Mas ela insistiu, sempre foi um pé no saco até hoje e eu me pergunto de onde tiro forças todo dia para agüentar a criatura. Preferia-a menor... Ligeiramente inocente, sua fragilidade externa e uma energia infinita por dentro. Contudo, o sentido de amor nunca diminuiu. O tom de conversa era baixo e minha voz saia amarga vez ou outra, mas nela eu confiava. O resultado daquela noite repercutiu até hoje. Tornamos-nos irmãos. Essa fora a proposta de Amaterasu antes de eu pegar no sono. E claro, eu aceitei.
Aquilo ajudou eu levar mais alguns meses em uma vida tranqüila. Agora nós três estávamos mais juntos do que nunca e eu finalmente me sentia completo com nunca senti em todos aqueles anos ali dentro e fora. Até que tudo fora arruinado. Foi assim que eu enxerguei, mas atualmente vejo que fora bom pra eu amadurecer mais ainda. O dia estava feio. Nuvens pesadas e cinzentas cobriam o céu anunciando um temporal violento. Eu estava dentro da casa com um moletom me encolhendo todo. Duas batidas na porta me despertaram do gostoso sono. Levantei-me e abri a porta. Era um casal. Ternos, elegantes, um casal bonito e via-se de longe, bom de posse. Logo a velinha apareceu e tomou meu lugar. Convidou-os para entrar e eu voltei para o meu lugar. Assim que sentei um relâmpago chicoteou ao longe e o observei pela janela. O temporal havia iniciado.
Estranhamente, Tsukihime e Amaterasu foram chamadas. Tsukihime tocou algumas musicas e Amaterasu os olhava curiosa. Não demorou para que o pior se concretizasse bem diante dos meus olhos. O casal tomou as duas pelas mãos. Meio peito ardeu em uma dor descomunal. Não chorei, mas por dentro a lágrima vinha como sangue. Em um impulso Amaterasu soltou-se e veio em minha direção. Eu não me lembro da reação dela. Não sei se ela chorou, sorriu ou fez algo do tipo, mas no meu âmago eu senti ódio. Incompreensível. A abracei com força dizendo algumas palavras de despedida. E logo em seguida, Tsukihime chegou. Ficamos os três ali, por um tempo, aquecendo-nos naquela tarde chuvosa, até que havia chego a hora da partida. E no meu aniversário de 11 anos, eu nunca me senti tão sozinho.
Passaram-se seis anos, mais ainda não havia um dia que eu não fosse dormir olhando para o retrato de nós três. Eu carregava comigo sempre uma lembrança e carrego até hoje. O presente foi de Tsukihime. Um colar com três pedras verdes em formato de folhas. Um fato interessante é que sempre gostei da cor verde por algum motivo desconhecido. Estranhamente, naquele momento Tsukihime me fazia muito mais falta que Amaterasu. Eu convivi muito com as três, contudo, as brincadeiras e provocações eram sempre com a caçula. Nunca me atrevi a mexer com Tsukihime, por alguma razão eu a respeitava realmente como irmã mais velha. Hoje isso mudou um pouco, mas o respeito ainda é algo que prezo.
Sentia falta de suas melodias alegres e até as melancólicas. Sentia falta das broncas e alguns puxões de orelha – sim, ela puxava. Aquela calma e tranqüilidade... Nunca pensei que um dia eu poderia sentir falta disso. Foi realmente difícil eu me adaptar. Dos antigos garotos, só eu estava ali. Ainda existiam muitos garotos novos, contudo, bem menores. Eu assumi o dever de cuidar da casa. A senhora estava muito doente, mas tive a notícia de que outra pessoa chegaria para administrar o local. Enquanto isso dividia minhas tarefas entre a administração da casa e os cuidados com a anciã. O período foi complicado, afinal, eu não estava acostumado com isso. Tsukihime e Amaterasu cuidavam dessa situação. A cara das crianças era de desgosto quando “saboreavam” minha comida, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Desse dia em diante, eu não acreditava em destino. Escolhi a sorte. Era mais fácil aceitar, ao menos pra mim a sina de que eu não era tão sortudo. Tudo, contudo, tem sua exceção e nesse dia, era seu dia de sorte, dia de quebrar as regras; o tabu. Ao menos um dia na minha vida tinha que ter. Duas batidas na porta, novamente. Aquilo levantou uma sensação estranha em mim. Levei os olhos ao relógio e era quase a mesma hora de seis anos atrás. Balançei a cabeça tentando tirar isso da mente e segui pra porta, abrindo e dando de cara com ninguém menos do que Amaterasu. Toda minha vida passou em um flash na minha cabeça e sim eu lembrava de tudo com perfeição.
Esse fato é realmente verdade. Em minhas leituras descobri algo chamado de Memória Eidética ou fotográfica. De modo surpreso soube que eu era um dos privilegiados com a dita cuja. Minha capacidade de memorização era incrível, coisas vistas e ouvidas não pareciam sair de minha mente, ficavam ali, impregnadas e naquele momento diante de sua irmã caçula não fora diferente. Lembrei-me dela pequena, aquela timidez, os olhos negros grandes e introvertidos. Estava tão diferente agora. Mais alta – não maior que eu, ainda faltava muito. Mais bonita, mais madura. Em um primeiro impulso me joguei em cima de dela. Não caímos no chão, mas foi por pouco. Abracei com todas as forças que eu tinha. Provavelmente a machuquei um ponto, afinal, com 17 anos agora, minha constituição física devido aos trabalhos braçais estava diferente. Estava mais alto, mais forte e com uma peculiar bandana verde na testa, mas isso era apenas para enfeite.
Seu próximo intuito foi procurar pro Tsukihime, mas ficou evidente que ela não estava ali. Chamei-a para dentro e a felicidade da velinha em vê-la ali foi única. Conversamos um pouco e fiquei atualizado sobre os seis anos que perdi. “Nossos” pais se separaram. Tsukihime ficou com a mãe e mudou-se para Misthrall. Amaterasu ficou com pai, mas por pouco tempo. Acabou por ingressar no exército e adquirir independência, apesar de ainda ter contato com ele. De forma resumida, tudo estava bem, mas era evidente a preocupação de Linus com Tsukihime, uma vez que o reino onde se encontrava era um reino instável sempre em busca de expansão e em constantes guerras.
Como prometera, ela havia voltado para me buscar e chegara minha hora. Arrumei as coisas e fui me despedir da velha. Em alguns dias a substituta chegaria e tudo estaria nos conformes. Sobre as crianças, alguns rostos tristes, outros felizes. Nunca mais teriam de provar minha comida. Mas o momento de partida não deixou de ser triste. Tantos anos naquela casa, tantas histórias e aventuras. Um aperto se formou no meu coração naquele momento, mas agora eu me sentia diferente, me sentia com o dever cumprido. Depois de algumas lágrimas derramadas, partimos então, para possivelmente nunca mais voltar.
Agora vou falar dos períodos mais atuais. Depois da minha saída do orfanato, me estabeleci na casa de Amaterasu, tinha espaço suficiente para nós dois. Assim como ela, me inscrevi no exército. Ela como cozinheira e eu como soldado. Minha maior evolução foi lá dentro e foi lá também onde adquiri meu status atual corporal, assim como aprimoramento de minhas habilidades e a capacidade da utilização de magia. Esse segundo ocorreu através de uma inscrição em um grupo beta de testes. O custo da inscrição foi dado por meu “pai” mesmo que nos quatro anos que ali vivia, não tinha muito contato com o mesmo.
O teste era sobre a implantação de cristais no corpo humano com objetivo de obter um exército melhorado, que pudesse combater em situações difíceis com o auxílio dos cristais, superando alguns limites humanos. Os cristais trabalhavam de forma diferente em cada corpo, no meu não foi diferente. Levei anos para me acostumar e conseguir controlar os meus “poderes”. Isso ocorreu devido ao uso da magia do cristal estar relacionada direta com o meu organismo e metabolismo. Uma das únicas coisas que eu consegui fazer fugir desse padrão com muito esforço e com a ajuda de cientistas e testes, foi estender o limite do cristal para fora do corpo.
Deixe-me explicar melhor e de uma forma bem mais simples: Eu conseguida jogar a magia do cristal para fora do corpo. Uma fina camada azul que crescia igual a uma bola, ou circulo, como preferir, tendo eu no centro. Funcionava como um radar. Eu conseguia sentir as coisas ao meu redor, mas isso foi uma tortura. Era complicado se concentrar com muitas coisas no espaço. Pelo que sei Amaterasu também tem cristais em seu corpo, mas os obteve por um processo completamente diferente, assim como adquiriu habilidades diferente.
E chegamos ao fim. Ainda continuo no exército, os testes foram um sucesso e em quatro anos consegui grandes avanços no controle de minhas técnicas, mas ainda falta um longo caminho pela frente. Ainda sinto saudades de Tsukihime, mas ao mesmo tempo sei que ela pode se virar sozinha, só gostaria de vê-la, de poder reencontrá-la. Afinal, é minha irmã. E em toda essa história, ainda mantenho dois objetivos: Reencontra minha mãe e ajudar o orfanato. Certamente existem outros, mas esses são os primordiais e não vou parar, até alcançá-los.
Hora de ir, espero que tenha apreciado um pouco da minha vida. Eu até contaria mais, só que o Capitão acabou de chamar meu nome e não parece muito feliz. Prometo que em um próximo reencontro, conto mais. Até outro dia!
Há muito anos atrás – falo em média de 15, 18 anos ao menos – eu vivia em uma casa aconchegante. Não muito grande, mas o suficiente para dar o conforto que eu precisava. Confesso, não era nada de mais e eu fui descobrindo aos poucos a infelicidade. Meu pai era um viciado em trabalho. Não o culpo, afinal, o desaparecimento misterioso de minha mãe só o fez cair ainda mais naquele mundo louco e desgastante. Se eu tinha um amigo, era apenas o meu cão, que já não lembro mais o nome e que veio infelizmente a falecer faz algum tempo. Nada contra ele trabalhar, mas ele fazia isso sem necessidade. Tudo bem, éramos uma família “feliz”, mas o choque psicológico que ele teve quando minha mãe simplesmente se foi, fora tremendo. O quarto dela, por exemplo, acho que está trancado até hoje, afinal, não o vejo faz longos anos.
Até um tempo tudo aquilo foi ficando insuportável. Agora eu não necessito tanto, mas geralmente toda criança queria um pouco de atenção. Sendo eu um largado em minha própria casa, a mercê do desconhecido – pois afinal, ainda era pequeno, cerca de cinco ou seis anos – não foi difícil me virar sozinho. Afirmo que ganhei minha independência cedo e que isso pode ser um ponto ruim na vida de qualquer garoto, pois é realmente dessa forma o mundo real te atinge. Eu apenas o descobri cedo demais.
Bem, já é possível notar que meu pai não me dava muita atenção, e depois de um tempo eu não clamava mais por isso. Ficava no meu canto, assistindo os programas inúteis da TV e comendo minha comida travosa, que pra mim estava uma maravilha, uma vez produzidas pelas minhas pequenas e não tão inocentes mãos. Só que todos, acreditem, todos, até uma criança de seis anos, tem seu limite. Comigo não fora diferente. Ver meu pai falando que toda vez que me via, lembrava o ódio e a dor de ver em minha mãe, foi o ápice.
Ah, minha mãe. Tez bem branca, olhos azuis e cabelos ruivos. Herdei a cor da pele e dos olhos, contudo meu cabelo fora perdendo a vitalidade do vermelho, sobrando apenas algumas mechas. Maldita genética. Até hoje não sei o motivo de seu desaparecimento, concordo que tenho vontade de conhecê-la novamente, afinal, deve estar mudada, outra mulher. Isso, porém, não muda meu estado de felicidade atual. Mas voltando ao assunto que realmente interessa, acabei por fugir de casa. E eu acho, essa foi a escolha mais correta da minha vida.
Seis anos, coloquei pela primeira vez os pés naquele chão, ora arenoso, ora cimentado. Irregular e por vezes único. Medo, euforia. Indescritível. Meus olhos azuis se abriam em dois orbes grandes e assustados, penetrando naquele mar de gente e os ouvidos chegavam a doer, sensíveis aos gritos dos comerciantes, vendedores. O triste nisso é quando você perde o equilíbrio das coisas. Aos poucos o medo foi se sobrepondo a toda aquela emoção contínua. Eu estava só novamente, porém, livre dessa vez. Bati no peito, respirei fundo e dei o primeiro passo. Alguns dias depois, fiquei sabendo por alguns boatos que meu pai tinha subido de vida, arranjado algo melhor para viver e uma nova mulher. Sobre mim, porém, nada dito.
Acostumei-me com a idéia de que agora era apenas eu. E isso foi muito difícil. Broncas, surras e pancadas violentas de me deixar com o olho roxo, até chegar à perfeição de roubar aquela maça ou pêra para servir de alimento. Era o único jeito. Agradeço isso por sinal, meu corpo e pele se tornaram resistentes, ainda mais depois dos treinos do exército – calma, ainda vou chegar lá. Não demorou para que eu começasse a criar alguma amizades e eu vi que minha situação poderia ser mais comum do que pensava, mesmo que chegássemos ali por diferentes conseqüências. A questão é que agora, eu não era mais Akira Ryukan. Lembrei-me do meu cão. Tão humilde e miserável. Às vezes os animais têm tanto haver conosco, suas condições, sentimentos e até a fúria embutida em uma face doce. Pode parecer meio banal, mas acabei adotando seu nome: Linus.
Seguiram-se mais alguns meses naquela situação, mas você tem de saber que para a sociedade, seu estado muitas vezes não importa. Pode ser rico dos maiores bens já visto, mas se ninguém souber e você acabar por ser confundido com um mendigo ou criminoso, não existe escapatória. Cada um dos meus “amigos” era de famílias prósperas. Não tinham muitos objetivos, mas assim como eu, faltava-lhes o amor. No fim, cada um pereceu. Morreram, ou foram capturados. Eu era um deles, sim. Mas não queria ir no mesmo destino, e talvez o próprio tenha sido um tanto solidário.
Fazia um sol filho da mãe. Não sabia que horas eram. A barriga roncava e os lábios estavam secos. Um dia e meio sem nenhuma alimentação, sério, eu estava um trapo. Lembro-me vagamente deste dia e por isso conto com poucos detalhes. Avistei uma casa ao longe, com tantas outras do lado, eu não quis saber. Era teimoso, eu vi aquela e vai ser aquela. Subi os pequenos degraus de uma escada de madeira desgastada e já desbotada pelo tempo. E com as ultimas forças que podia ter, bati à porta. A ultima imagem que me lembro fora de uma garota. Olhos escuros e cabelos curtos, castanho claro. Pele branca e tão... Frágil. Os olhos com certa curiosidade e alguém do seu lado. Uma mulher muito importante em minha vida, diga-se de passagem. Sem forças, acabei por apagar ali mesmo, só acordando tempos depois em uma cama. O que estaria acontecendo?
Ah, acabo-me de lembrar. O cheiro de comida gostosa. Sim, sim o cheiro indescritível do peixe e do arroz. Não sabia se era a fome ou alguma coisa relacionada com um provável dom, mas agora não importava. A comida se aproximava. Quando finalmente apareceu, a senhora idosa também veio junto com a garotinha. Meus olhos se fixaram nela por um tempo, exibindo um leve sorriso de canto de boca. Recebi o peixe e o arroz e logo em seguida, das mãos da menina o suco. Ajeitei-me por ali mesmo e não fiz cerimônia, tratando logo de devorar aquilo tudo. Realmente, como um animal. O sabor era único, afinal, aquilo era manjar dos Deuses comparado à minha comida. Até hoje, é minha comida predileta. Estava tão concentrado naquele momento, que mal percebi que a garota acabou descendo e que eu estava ali, sozinho novamente, contudo, sentia no ínfimo do meu ser que aquela seria a última vez.
Bom, daqui em diante posso dizer que minha vida melhorou significativamente. Desenvolvi o gosto pela leitura, mas o fazia sempre escondido dos outros. Vez ou outra apenas Amaterasu sabia de minhas empreitadas fantasiosas. Contribuiu para melhorar minha leitura e compreensão das coisas. Descobri também que estava em um orfanato e que algum dia eu poderia sair dali com outras pessoas, mas no fundo não me importaria de viver ali pra sempre mesmo que isso fosse impossível. A senhora que cuidava de nós já tinha certa idade e então, quanto mais velha, as coisas complicavam. Isso fazia crescer uma pequena preocupação em mim, mas era rapidamente esquecida.
Vale dizer que eu também não era muito sociável, apenas conversava com três pessoas. Sim, três: Amaterasu, a senhora que cuidava do orfanato e... Tsukihime. Tsukihime era outra criança intrigante do local. Vivia sempre com Amaterasu e cuidava bem da mesma. Isso dava um tanto de inveja e às vezes me fazia ficar novamente pensativo nos rumos que eu tomei, mas por sorte foi passageiro. Descobri um tempo mais tarde que as duas eram irmãs de sangue. Isso ocorreu à medida que comecei a me enturmar com as duas. Tsukihime era de um perfil muito mais calmo e controlado. Amaterasu começou assim, mas não durou muito tempo. Os tempos foram muito bons, brincadeiras, risos, broncas e brigas. Sim, eu era o mais cobrado dali, pois vivia brigando e arranjando confusão. Se eu parar para analisar desse modo, fica evidente que eu tinha aquela afinidade megalomaníaca para arranjar confusão e não perdia uma boa briga. Ao mesmo tempo, Amaterasu começava a se dedicar na cozinha, e eu desde cedo já achava que era esse seu real dom. Começou a ajudar também a senhora do orfanato na organização e comando do “quartel”. Tsukihime por sua vez era uma excelente tocadora de piano. Compunha e tocava musicas melodiosas e tocantes. Era simplesmente maravilhoso sentar no humilde carpete da sala e ficar horas escutando nota por nota compor uma linda canção.
Minha época de ouro, aposto que você já teve a sua. Parecia, todavia, que o destino estava vindo cobrar seu favor, e eu achei isso injusto demais. Mas tudo tem um propósito nessa medíocre vida, pelo menos é o que eu acredito. Os anos foram se passando e eu fui construindo meus valores e amadurecendo minha mentalidade. Compartilhava mais coisas com minhas praticamente irmãs naquele lugar e mesmo com ela, sentia que o circulo ia fechando. Os outros garotos e garotas começaram a ir embora. Um casal vinha, escolhia a dedo – novamente a questão dos animais, meros animais, com apenas um diferencial, a promessa de uma vida melhor e com todos os atributos benéficos que podiam ter. E então a linha se seguiu, até que chegamos a ficar praticamente só nós três no local. Alguns poucos se recusavam a sair. Aquilo me deixou mal com a possibilidade de ocorrer com um de nós.
Lembrei-me agora de um fato isolado que aconteceu com Amaterasu. Conversa vai e vem e o assunto recaiu em meu passado. Não só no meu, mas por enquanto vamos focar nisso. Eu fiquei receoso em dizer, não queria. Relembrar de tudo aquilo não era bom. Mas ela insistiu, sempre foi um pé no saco até hoje e eu me pergunto de onde tiro forças todo dia para agüentar a criatura. Preferia-a menor... Ligeiramente inocente, sua fragilidade externa e uma energia infinita por dentro. Contudo, o sentido de amor nunca diminuiu. O tom de conversa era baixo e minha voz saia amarga vez ou outra, mas nela eu confiava. O resultado daquela noite repercutiu até hoje. Tornamos-nos irmãos. Essa fora a proposta de Amaterasu antes de eu pegar no sono. E claro, eu aceitei.
Aquilo ajudou eu levar mais alguns meses em uma vida tranqüila. Agora nós três estávamos mais juntos do que nunca e eu finalmente me sentia completo com nunca senti em todos aqueles anos ali dentro e fora. Até que tudo fora arruinado. Foi assim que eu enxerguei, mas atualmente vejo que fora bom pra eu amadurecer mais ainda. O dia estava feio. Nuvens pesadas e cinzentas cobriam o céu anunciando um temporal violento. Eu estava dentro da casa com um moletom me encolhendo todo. Duas batidas na porta me despertaram do gostoso sono. Levantei-me e abri a porta. Era um casal. Ternos, elegantes, um casal bonito e via-se de longe, bom de posse. Logo a velinha apareceu e tomou meu lugar. Convidou-os para entrar e eu voltei para o meu lugar. Assim que sentei um relâmpago chicoteou ao longe e o observei pela janela. O temporal havia iniciado.
Estranhamente, Tsukihime e Amaterasu foram chamadas. Tsukihime tocou algumas musicas e Amaterasu os olhava curiosa. Não demorou para que o pior se concretizasse bem diante dos meus olhos. O casal tomou as duas pelas mãos. Meio peito ardeu em uma dor descomunal. Não chorei, mas por dentro a lágrima vinha como sangue. Em um impulso Amaterasu soltou-se e veio em minha direção. Eu não me lembro da reação dela. Não sei se ela chorou, sorriu ou fez algo do tipo, mas no meu âmago eu senti ódio. Incompreensível. A abracei com força dizendo algumas palavras de despedida. E logo em seguida, Tsukihime chegou. Ficamos os três ali, por um tempo, aquecendo-nos naquela tarde chuvosa, até que havia chego a hora da partida. E no meu aniversário de 11 anos, eu nunca me senti tão sozinho.
Seis anos depois ~~
Passaram-se seis anos, mais ainda não havia um dia que eu não fosse dormir olhando para o retrato de nós três. Eu carregava comigo sempre uma lembrança e carrego até hoje. O presente foi de Tsukihime. Um colar com três pedras verdes em formato de folhas. Um fato interessante é que sempre gostei da cor verde por algum motivo desconhecido. Estranhamente, naquele momento Tsukihime me fazia muito mais falta que Amaterasu. Eu convivi muito com as três, contudo, as brincadeiras e provocações eram sempre com a caçula. Nunca me atrevi a mexer com Tsukihime, por alguma razão eu a respeitava realmente como irmã mais velha. Hoje isso mudou um pouco, mas o respeito ainda é algo que prezo.
Sentia falta de suas melodias alegres e até as melancólicas. Sentia falta das broncas e alguns puxões de orelha – sim, ela puxava. Aquela calma e tranqüilidade... Nunca pensei que um dia eu poderia sentir falta disso. Foi realmente difícil eu me adaptar. Dos antigos garotos, só eu estava ali. Ainda existiam muitos garotos novos, contudo, bem menores. Eu assumi o dever de cuidar da casa. A senhora estava muito doente, mas tive a notícia de que outra pessoa chegaria para administrar o local. Enquanto isso dividia minhas tarefas entre a administração da casa e os cuidados com a anciã. O período foi complicado, afinal, eu não estava acostumado com isso. Tsukihime e Amaterasu cuidavam dessa situação. A cara das crianças era de desgosto quando “saboreavam” minha comida, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Desse dia em diante, eu não acreditava em destino. Escolhi a sorte. Era mais fácil aceitar, ao menos pra mim a sina de que eu não era tão sortudo. Tudo, contudo, tem sua exceção e nesse dia, era seu dia de sorte, dia de quebrar as regras; o tabu. Ao menos um dia na minha vida tinha que ter. Duas batidas na porta, novamente. Aquilo levantou uma sensação estranha em mim. Levei os olhos ao relógio e era quase a mesma hora de seis anos atrás. Balançei a cabeça tentando tirar isso da mente e segui pra porta, abrindo e dando de cara com ninguém menos do que Amaterasu. Toda minha vida passou em um flash na minha cabeça e sim eu lembrava de tudo com perfeição.
Esse fato é realmente verdade. Em minhas leituras descobri algo chamado de Memória Eidética ou fotográfica. De modo surpreso soube que eu era um dos privilegiados com a dita cuja. Minha capacidade de memorização era incrível, coisas vistas e ouvidas não pareciam sair de minha mente, ficavam ali, impregnadas e naquele momento diante de sua irmã caçula não fora diferente. Lembrei-me dela pequena, aquela timidez, os olhos negros grandes e introvertidos. Estava tão diferente agora. Mais alta – não maior que eu, ainda faltava muito. Mais bonita, mais madura. Em um primeiro impulso me joguei em cima de dela. Não caímos no chão, mas foi por pouco. Abracei com todas as forças que eu tinha. Provavelmente a machuquei um ponto, afinal, com 17 anos agora, minha constituição física devido aos trabalhos braçais estava diferente. Estava mais alto, mais forte e com uma peculiar bandana verde na testa, mas isso era apenas para enfeite.
Seu próximo intuito foi procurar pro Tsukihime, mas ficou evidente que ela não estava ali. Chamei-a para dentro e a felicidade da velinha em vê-la ali foi única. Conversamos um pouco e fiquei atualizado sobre os seis anos que perdi. “Nossos” pais se separaram. Tsukihime ficou com a mãe e mudou-se para Misthrall. Amaterasu ficou com pai, mas por pouco tempo. Acabou por ingressar no exército e adquirir independência, apesar de ainda ter contato com ele. De forma resumida, tudo estava bem, mas era evidente a preocupação de Linus com Tsukihime, uma vez que o reino onde se encontrava era um reino instável sempre em busca de expansão e em constantes guerras.
Como prometera, ela havia voltado para me buscar e chegara minha hora. Arrumei as coisas e fui me despedir da velha. Em alguns dias a substituta chegaria e tudo estaria nos conformes. Sobre as crianças, alguns rostos tristes, outros felizes. Nunca mais teriam de provar minha comida. Mas o momento de partida não deixou de ser triste. Tantos anos naquela casa, tantas histórias e aventuras. Um aperto se formou no meu coração naquele momento, mas agora eu me sentia diferente, me sentia com o dever cumprido. Depois de algumas lágrimas derramadas, partimos então, para possivelmente nunca mais voltar.
Quatro anos depois ~ ~
Agora vou falar dos períodos mais atuais. Depois da minha saída do orfanato, me estabeleci na casa de Amaterasu, tinha espaço suficiente para nós dois. Assim como ela, me inscrevi no exército. Ela como cozinheira e eu como soldado. Minha maior evolução foi lá dentro e foi lá também onde adquiri meu status atual corporal, assim como aprimoramento de minhas habilidades e a capacidade da utilização de magia. Esse segundo ocorreu através de uma inscrição em um grupo beta de testes. O custo da inscrição foi dado por meu “pai” mesmo que nos quatro anos que ali vivia, não tinha muito contato com o mesmo.
O teste era sobre a implantação de cristais no corpo humano com objetivo de obter um exército melhorado, que pudesse combater em situações difíceis com o auxílio dos cristais, superando alguns limites humanos. Os cristais trabalhavam de forma diferente em cada corpo, no meu não foi diferente. Levei anos para me acostumar e conseguir controlar os meus “poderes”. Isso ocorreu devido ao uso da magia do cristal estar relacionada direta com o meu organismo e metabolismo. Uma das únicas coisas que eu consegui fazer fugir desse padrão com muito esforço e com a ajuda de cientistas e testes, foi estender o limite do cristal para fora do corpo.
Deixe-me explicar melhor e de uma forma bem mais simples: Eu conseguida jogar a magia do cristal para fora do corpo. Uma fina camada azul que crescia igual a uma bola, ou circulo, como preferir, tendo eu no centro. Funcionava como um radar. Eu conseguia sentir as coisas ao meu redor, mas isso foi uma tortura. Era complicado se concentrar com muitas coisas no espaço. Pelo que sei Amaterasu também tem cristais em seu corpo, mas os obteve por um processo completamente diferente, assim como adquiriu habilidades diferente.
E chegamos ao fim. Ainda continuo no exército, os testes foram um sucesso e em quatro anos consegui grandes avanços no controle de minhas técnicas, mas ainda falta um longo caminho pela frente. Ainda sinto saudades de Tsukihime, mas ao mesmo tempo sei que ela pode se virar sozinha, só gostaria de vê-la, de poder reencontrá-la. Afinal, é minha irmã. E em toda essa história, ainda mantenho dois objetivos: Reencontra minha mãe e ajudar o orfanato. Certamente existem outros, mas esses são os primordiais e não vou parar, até alcançá-los.
Hora de ir, espero que tenha apreciado um pouco da minha vida. Eu até contaria mais, só que o Capitão acabou de chamar meu nome e não parece muito feliz. Prometo que em um próximo reencontro, conto mais. Até outro dia!
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