Não nasceu como uma pessoa rica, mas pelo menos tinha uma casa de dois andares farta de pequenos luxos, com várias irmãs delicadas tratadas igualmente e pais que faziam de tudo para o bem estar da menina.
Sua mãe era uma geisha profissional que trabalhava na cidade a noite junto das irmãs mais velhas e seu pai era cozinheiro de dia. Fazia de tudo, para coisas pequenas para os mais pobres e grandes mesas fartas para pessoas que tinham muito dinheiro, sendo contratado por qualquer um sem distinção. Tudo dependia de sua quantia de pagamentos e o que poderia ajudar com o local.
A vida era basicamente rodeada no meio do serviço de todos e nada se podia fazer. Seu destino já estava previsto como ela, um dia, fazer parte do esquadrão de artistas de sua mãe. Não contratavam pessoas e nem procuravam, somente as da casa eram necessárias, visto que nenhuma irmã trairia a outra.
Desde pequena era ensinada na mesma arte de diversão que suas irmãs, e ela era a mais nova, logo, passava mais tempo brincando com as outras do que aprendendo. Algumas viam como um descanso ensiná-la já que acabavam rindo e aos poucos Kagami ia aprendendo o que tinha que fazer. Sua mãe sempre a cuidou com carinho junto das irmãs, nunca tiveram que ser grossas com a menina. Todos eram bem humorados.
Quando o pai chegava, era a alegria de todas. O homem abraçava cada uma (se quando todas já não o abraçavam) e após uns momentos de conversa, ia preparar uma comida gostosa para todas. Ele parecia que não se cansava de trabalhar, pois após o dia todo fazendo seu dever, ainda fazia mais em casa. Às vezes a família ficava toda reunida na cozinha conversando e preparando o que iam apreciar.
No total eram nove irmãs e um irmão que era o mais velho e pegou uma espada para se tornar um samurai de um templo. Kousetsu (irmã mais velha, de 21 anos que se vestia vulgarmente), Bukyoku (de 19 e era a melhor nas artes da dança), Oshaberi (de 18 e como ninguém, sabia ouvir e puxar assuntos com seus clientes, sempre conseguindo informações ótimas), Hika (de 16, que sempre gostou de cantar enquanto os homens trabalhavam, sendo extremamente relaxante ouvi-la), Kaisha e Shinkou (gêmeas de 15 que cuidavam da parte social, indo a qualquer lugar – até os mais sujos), Rankou (de 14, a gênia da família, sendo ótima em qualquer coisa), Ryuuzan (de 13, ela era a que mais tinha problemas em aprender tudo) e Taketo (de 17, foi embora com apenas uns trocados e uma katana afiada) são os irmãos da pequena Kagami.
Com doze anos, já sabia como agradar seus clientes com danças ou apenas sendo uma companhia para um compromisso, fazendo com que sua mãe já a colocasse junto para trabalhar no local.
Não era nada do que a pequena imaginava. Realmente grande e com diversos quartos, talvez no passado ali tivesse sido um hotel ou alguma hospedaria semelhante. Para chegar até lá tinha que subir por uma pequena escadaria que levava a uma porta de vidro e assim, uma das irmãs abriria a porta ao ver movimento do lado de fora e acompanharia o cliente cansado para um local onde pudesse beber e ter um pouco de diversão sem ter que pensar em seus problemas.
Sendo completamente iniciante naquilo, ela apenas conseguiu seguir na carreira por saber dançar delicadamente e como era criança ainda, era extrovertida e sabia como agradar seus clientes.
Atendia regularmente com algumas indicações das irmãs, pequenas dicas espertas para saber o que fazer.
Sua vida era fácil e sua presença no meio dos familiares foi algo que tornava os negócios muito mais fáceis de fazer, independente de seus erros. Sua mãe nunca foi uma pessoa rígida. Sempre tinha um jeitinho especial dela com Kousetsu para se desculpar os problemas ocasionados.
Alguns anos se passaram e agora ela já tinha 16 anos, sabendo lidar com qualquer tipo de problema na casa. Sua virgindade ainda não foi retirada e agora estava em leilão para que fosse vendida como a mais cara da família (já que era tão nova e sabia tão bem trabalhar).
Toda noite ocorria um pequeno leilão de uma hora com cortesias das irmãs e comidas preparadas pelo pai que eram dadas a clientela para que tivesse o que petiscar enquanto via se estava dentro de seu orçamento disputar contra homens de cargo alto em busca da pequena Kagami.
Em uma semana tudo estaria pronto se não fosse pelo fato da garota ter morrido enquanto voltava para casa e um homem a apunhalou na barriga e a estuprou. Foi um jeito fácil de tirar a virgindade da pequena, mas o que ele não soube é que isso fez o local fechar, visto que não demonstrou segurança e a grande quantia em dinheiro que iria arrecadar com o corpo da menina foi desfeita e assim, a família teve que se mudar para outro local.
Não viveu por muito tempo como uma alma acorrentada ao nada e logo foi levada para longe graças a um cabo de uma espada em sua testa que agravou um ideograma que obviamente a menina não conseguia ver e assim, despertou em Rukongai onde algumas almas de lá a ajudaram.
Como era moça trabalhadora na área da arte e da hospitalidade, serviu por alguns anos a família que a acolhera para ter moradia e comida de graça.
Sua beleza era rica e alguns moradores do local tentavam se assanhar para ela, mas muitas vezes (quando não conseguia se defender) os donos ou ajudantes dos donos a ajudavam a expulsar os agressores. Que retornavam depois de um tempo pela qualidade do local ou simplesmente pelo ar de pureza que a menina emanava em seus toques delicados e movimentos sutis.
Começou a trabalhar na cozinha para não criarem alguma fama ruim e assim, ela começou a fazer a comida de todos e quem entregava eram os donos ou outros trabalhadores como ela.
Dormia em locais preparados para os funcionários e nunca teve problemas com eles. Claro, tinham alguns que a queriam, mas temiam muito os donos ou de perderem seus empregos e terem o triste destino de ficar vagando sorrateiramente por aí até conseguir um novo trabalho ou local onde pudessem comer de graça.
Suas almas não precisavam de alimentos já que nunca estavam com fome, mas era bom sentir o gosto e só por isso, eles comiam. O que ninguém sabia, é que no meio disso tudo, Kagami desenvolveu uma fome verdadeira pelos alimentos que preparava e pegou o péssimo hábito de molhar o dedo na comida e prová-la antes de entregá-la para ser enviada ao cliente faminto.
Certo dia foi pega no flagra e nada podia fazer além de admitir. Acharam estranho uma pessoa como ela que fazia todas as ordens fielmente e sem reclamar, do nada, cometendo tal ato de negligência e assim, foi demitida para que vagasse desprotegida pelas ruas daquele distrito.
Vagava por aí procurando alimentos, resolveu se afastar da cidade para ter uma segurança melhor longe de todos. Mas a fome era forte e ela não conseguia passar muito tempo naquele estado até que desmaiou.
Acordou no colo de um homem vestido de preto que a carregava nas costas. Completamente confusa, ela pergunta o porque dele fazer aquilo e ele disse que a achou interessante. Nada mais normal, o problema tava no fato dele querer tirar sua virgindade ou matá-la para vender seus órgãos. De nada sabia que aquele homem era um shinigami e um protetor.
Um pouco envergonhada, pediu algo para comer e foi recebida com pão, queijo e água. Era o bastante para se alimentar já que antes era na base do nada. Não precisava mais ficar procurando por migalhas ou árvores com frutas comestíveis nos arredores da cidade.
Mas o que ela não ainda tinha se perguntado, era onde estava e assim que notou isso, perguntou que local era aquele. Com um sorriso no rosto, o homem a respondeu dizendo que era a academia onde ela iria treinar e não precisar ficar mendigando por aí como antes fazia ou procurando um emprego que faria um trabalho em troca de uma moradia não muito fixa.
Treinava e estudava separadamente, recebendo conselhos para melhorar e formas de combate. Lutava muito para passar e nunca se importou muito em fazer aquelas coisas, mesmo que fosse contra sua vontade. Via novamente como um treinamento e assim, relembrando de sua família.
Em um dia, quando treinava duro com um colega um ano mais avançado, ela foi colocada no canto da arena facilmente e mal conseguia contra-atacar. Era época de provas e assim, tinha de vencer o rapaz para assim poder evoluir um pouco mais academicamente, só que não conseguia se erguer... até que chamou pelo nome de sua zanpakutou.
Falou alto, como se pedisse ajuda e foi a primeira vez que ela se exaltou na frente de todos. Sua espada se comprimiu e todos a olharam esperando ver como era a arma da gênio que liberou sua zanpakutou ainda na academia, mas o que fez com que muitos saíssem, foi o fato de que a arma virou um verme nojento que fez a garota soltar um grito e cair para trás, sacudindo o braço.
Suas notas subiram muito, apesar de ter perdido o combate por puro nojo de sua arma e assim, foi garantida a fazer os últimos testes.
Começou a usar proteções nos braços para não sentir o toque gélido daquele ser que surgia grudado em sua mão no momento da liberação e incrivelmente, isso divertia sua arma. Apareciam para ela durante a noite enquanto dormia e conversavam, sempre tentando tocá-la com suas peles gosmentas e assim, teve muitos pesadelos durante algum tempo.
Sua passagem até os últimos dias na academia foram simples e assim, não teve grandes preocupações (exceto pelo problema de sua zanpakutou ao gostar de vê-la chorando de desgosto ao ser tocada) e no teste de combate que iria levá-la a aprovação, seu oponente foi um dos avaliadores. Já que ela tinha shikai, teria que lutar contra alguém realmente forte para ser um desafio.
Aconteceu o mesmo que o anterior, só que dessa vez, liberou seu shikai e usou o poder para vencer. A saliva da criatura era venenosa e assim, a vitória foi concedida para ela, se formando e virando finalmente uma shinigami.
A imagem que todos começaram a ter dela por toda a Seireitei não era mais de uma garota adorável e trabalhadora, e sim de uma menina com uma nojeira no braço, criando assim, certa discriminação pelos outros com ela e dificultando a criação de laços com seus companheiros.
Aos poucos ia diminuindo sua importância. Em missões tinha nojo de sua arma (abrindo assim sua defesa), tinha medo de cortar os inimigos e ver o sangue escorrendo e talvez a pior, ia sempre contra a decisão de todos.
Para que se enquadrasse, fora mandada a treino com a soutaichou para que aprendesse um pouco de técnica e disciplina.
Os combates eram rápidos e os treinos difíceis, moldando indiretamente a personalidade da garota que agora começava a falar menos e se esforçar mais. Proteções maiores nos braços e melhor controle de shikai.
Treinou diretamente por alguns anos com a mulher e até que foi liberada sem saber o motivo diretamente para a oitava bantai aos cuidados de Hiruma. Só cabia a ele a saber o que fazer com a garota que após muito treino teve o controle de seu bankai, mas apenas aquela mulher sabia da existência dele.
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